Pessoas,
Matéria desta semana na Época. Fora o fato de continuarem tratando drags e travestis com o artigo masculino, a matéria tá interessante e até cita a palavra maldita "lésbica", traz a porcentagem de assumid@s (17,5%) no programa e fala de direitos, de diferença, além de promover o Dicesar.
Minha pulga atrás da orelha é só quanto às verdadeiras intenções da GLOBO em dar tanta visibilidade a L, G, e T no horário nobre, nas edições do programa, no site oficial e até na revista Época.
Tá aí a matéria, que está disponível para assinantes, mas eu consegui um acesso básico e tô repassando.
Há braços
Daniela Novais
Militante LGBT baiana independente
22/01/2040 - 22:28 - Atualizado em 22/01/2010 - 22:08
É gay, e tudo bem
O homossexual extrovertido do BBB cria um novo espaço de tolerância às minorias na TV
Menino pobre, maquiador e drag queen, Dicesar traz o mundo gay para um dos programas de maior audiência da TV
Nasce uma “estguela”. De língua presa e franga solta, o drag queen Dicesar, que troca o “r” pelo “g”, trocou também o preconceito pela simpatia e está quebrando tabus na TV brasileira. Nesta décima edição do Big Brother Brasil, 17,5% de seus participantes são gays assumidos, em comparação a uma velha estimativa de 10% da população
E de lá saíram dois homossexuais festivos, que se autodenominam “bibas”, e uma lésbica, Angélica. Reunidos no grupo de “coloridos”, trouxeram o mundo gay para um dos programas de maior audiência da TV brasileira e, diante das câmeras, já trocaram até um selinho, aquele mesmo que nunca foi ao ar na novela das 9. O big brother Biba é uma loucura! Ou loucuga, como diria Dicesar.
Na edição de terça-feira, o BBB fez pela aceitação das minorias sexuais muito mais do que milhares de artigos acadêmicos em defesa dos direitos dos homossexuais. Ao comentar sem rodeios a participação dos gays, o apresentador Pedro Bial usou de forma simpática o termo “bichice” e perguntou por que a sigla GLS (Gays, Lésbicas e Simpatizantes) mudou para GLBT (Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis e Transgêneros) : “E os simpatizantes?”. Elenita, professora de linguística que mantém uma comunidade simpática a gays no Orkut, explicou: “Não tem mais simpatizante (na sigla) porque todo mundo tem de ser simpatizante. Os gays têm de ter direitos iguais a todo mundo”. Os big brothers aplaudiram. Em seguida, foi exibido um clipe com os homens sarados da casa usando roupas gays, dançando como gays e imitando gays. “A televisão brasileira tem uma dívida com a cidadania gay, que está sendo resgatada. Pela primeira vez, estão sendo mostrados gays reais e felizes, sem aquela carga problemática e contida”, disse Cláudio Nascimento, do grupo Arco Íris.
Na semana retrasada, Dicesar e Sérgio, outro gay assumido, deram um selinho durante uma festa na casa. E assim, do nada também, foi-se um tabu. Dramaturgos, durante anos, tentaram fazer personagens gays se beijar. A má repercussão conservadora acabava adiando a cena. “E não é que o Boninho (diretor do programa) promoveu o primeiro selinho gay? Aquele que eu não pude mostrar. Valeu, Boninho”, escreveu a autora Glória Perez
‘‘Eu era só a bichinha da família. Depois de aparecer na TV, virei artista’’
DICESAR, participante do BBB
Paranaense de 44 anos, Dicesar Ferreira dos Santos mora
Dicesar (à esq.) e Sérgio trocam o selinho que não aconteceu na novela. Gays felizes, sem “problemática”
O trabalho como transformista serve para complementar o trabalho com maquiagem que começou por acaso. Maquiador de vários travestis de São Paulo, foi convidado em
Quando soube que tinha sido escolhido para participar do BBB, Dicesar anunciou que, se ganhar, comprará uma casa para a mãe e sairá da noite. “Tirando a peruca, sou uma pessoa normal como todo mundo”, diz. Essa talvez seja sua maior conquista. Mostrar aos espectadores que os diferentes são iguais e, assim, quebrar as resistências e o preconceito. “Você vai sair daqui 5% enveadado”, disse Dicesar a seu único desafeto na casa, o lutador Dourado, que usa um samurai nazista tatuado no braço. Dourado, que diz participar do “orgulho hétero”, duvidou. Mas, depois deste BBB, é certo que o Brasil sairá um pouco mais gay. Ou, no mínimo, menos antigay.
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