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sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Keila Simpson homenageia travestis

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COMPANHEIR@s

Quero homenagear as Travestis nesse importante dia em que se dá a visibilidade que tanto merecem trazendo o texto de Maitê Schneider para nossas reflexões.

Parabéns a todas as travestis Brasileiras e vamos viver, estudar, trabalhar, divertir-se, chorar e comemorar de dia e de noite.

Beijos a todas as pessoas travestis ou não.

Keila Simpson
ATRAS
Vice Trans da ABGLT



Eu quero viver de dia*

O escuro do dia traz o único momento mais ou menos calmo, onde as travestis podem ter um mínimo possível de vida. É quando a noite se aproxima que a vida para algumas dessas pessoas se inicia. Dorme-se durante o dia, e vive-se durante a noite, ou pelo menos tenta-se viver. A noite traz com seu brilho enigmático, que a muitos encanta um lado sombrio, que é carregado de marginais, delinqüentes, vândalos, cafetões, e gente da pior espécie. Junto a todos estes tipos, “ganham o dia” em plena noite, muitas travestis, que fazem da vida noturna seu convívio em sociedade, sua felicidade e seu sustento. É na noite que muitas Trans podem viver em espaços “gentilmente” cedidos por uma sociedade que se prega justa e igualitária, tanto em chances como em oportunidades iguais para todos. É nela que travestis muitas das vezes têm que se prostituir e até se marginalizar para que consigam viver um pouco mais dignamente a sua realidade de vida.

Durante a noite, aprende-se a lei da selva, onde o mais forte sobrevive exatamente minando o mais fraco, onde quem pode mais exige coisas de quem não tem forças para poder alguma coisa. Nesta pressão toda, forma-se a personalidade da travesti. É sofrendo as dificuldades que o meio lhe impõe que ela aprende que precisa ser forte e ser a primeira, se quiser sobreviver. Algumas sobrevivem sim, mas são poucas as que conseguem adquirir o status de poder viver dignamente seu caminho traçado. A noite realça o brilho das roupas, a silhueta bem feita e torneada e o brilho que algumas ainda têm no olhar por acreditarem num mundo mais humano e sem tanta violência e injustas cobranças. Algumas acreditam nisto, enquanto outras morrem anônimas, sem trabalho, sem identidade, sem família, sem poder conhecer o dia, pois até este direito é arrancado das que ousam ultrapassar o limite da mudança de seu próprio corpo em função da sua identidade e da felicidade.

*Texto de Maitê Schneider, ativista Curitiba, recuperado a partir da tese de doutorado, Subjetividade das Travestis Brasileiras: da vulnerabilidade, da estigmatização à construção da cidadania. De William Peres, Rio de Janeiro 2005 pg. 05.

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