“A temática da sexualidade ainda é carregada de muitos mitos e preconceitos. É de extrema importância que a academia promova eventos que dialoguem com a comunidade para que possamos reverter essa situação.”
Essas foram as palavras de Eliene Rosa Maio, psicóloga e professora da Universidade Estadual de Maringá (Uema), que as discussões do segundo dia do I Seminário Metodologia de Pesquisa em Sexualidade, Gênero e Direitos Humanos.
O evento reuniu cerca de 70 pessoas na tarde de ontem (30), no auditório da Câmara Municipal de Salvador.
Para Eliene Maio, a homofobia começa na escola e a maioria dos professores não está preparada para lidar com a diversidade sexual.
“Precisamos constantemente de capacitações como a de hoje, para que os docentes possam lidar com a situação de modo natural, sem omitir agressões”, avaliou Eliene.
A professora também apresentou alguns dos pontos abordados no seu livro, intitulado O nome da coisa, apresentado durante o Programa do Jô, da Rede Globo, exibido no início de maio. A publicação tenta explicitar como os eufemismos e nomes populares que se referem à sexualidade estão carregados de preconceitos, muitas vezes despercebidos.
Mesa de debates
Com o tema Sexo, práticas sexuais e mulheres, a mesa de debate também contou com a presença de Irina Bacci, integrante do Conselho Nacional de Combate à Discriminação e Promoção dos Direitos (CNDC) LGBT.
“Discutir os estudos de gênero e sexualidade é importante para que nós possamos modificar a postura das pessoas e quebrar alguns tabus”, pontuou Irina, que é também é secretária geral da Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (ABGLT).
O seminário, uma iniciativa do programa multi-institucional, multidisciplinar de treinamento em metodologia de pesquisa em sexualidades, gênero e direitos humanos da universidade, conta ainda com a realização concomitante de um treinamento sobre o tema.
“O nosso objetivo é desconstruir o estereótipo de que a identidade feminina ou masculina está relacionada apenas à sexualidade biológica”, afirmou Suely Messeder, coordenadora do evento e primeira secretária da Associação Brasileira Estudos da Homocultura (Abeh).
Intercâmbio de experiências
A programação do dia reservou ainda um debate conduzido por Izaura Cruz, professora da Faculdade de Educação da Universidade Federal da Bahia (Ufba). A atividade contou com a participação de membros do projeto Mulheres Masculinizadas, que fizeram perguntas e compartilharam experiências.
“Estamos quebrando paradigmas ao discutir temáticas como essa dentro do ambiente acadêmico”, comemorou Natalino Perovano, servidor da UNEB e participante do projeto.
O projeto Mulheres Masculinizadas, que promove pesquisas sobre temas como masculinidade em corpos femininos e suas vivências, é vinculado ao DCHT do Campus XIX, sob coordenação do grupo de pesquisa Enlace e participação do Doutorado Multi-Institucional, Multidisciplinar em Difusão do Conhecimento e do Programa de Pós-Graduação em Crítica Cultural (Pós-Crítica) do Campus II (Alagoinhas).
A programação do evento se estende até este domingo (3), com atividades sediadas nos auditórios do Ministério Público e do Centro de Estudos dos Povos Afro-Índio-Americanos (Cepaia) da UNEB.
A iniciativa conta com o apoio das pró-reitorias de Pós-Graduação (PPG) e de Extensão (Proex) da UNEB, da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia (Fapesb), do Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientifico e Tecnológico (CNPq), da Secretaria da Justiça Cidadania e Direitos Humanos (SJCDH) e do MP.
O evento teve início na manhã da última terça-feira (29), no auditório do Ministério Público, com a conferência Sexualidade na abordagem das ciências sociais, ministrada pela professora da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj), Maria Luiza Heilborn.
Fonte: Uneb
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