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| Jean Wyllys (PSOL-RJ) e João Campos (PSDB-GO) | 
Gritos, bate-boca e muita confusão marcaram a audiência pública feita  nesta quinta-feira para discutir o projeto de decreto legislativo  234/11, conhecido como projeto de Cura Gay. De autoria do deputado João  Campos (PSDB-GO), da bancada evangélica, a proposta abre caminho para  que psicólogos ofereçam "tratamento" para homossexuais mudarem sua opção  sexual. Desde 99, uma norma do Conselho Federal de Psicologia (CFP)  proíbe que profissionais façam esse tipo de promessa para seus  pacientes.
O texto de Campos propõe ainda a retirada de outra  proibição feita pelo CFP: a de profissionais usarem a mídia para  reforçar preconceitos a grupo de homossexuais. A audiência, convocada  pelo relator do projeto, deputado Roberto de Lucena (PV-SP), deveria ter  cinco debatedores, mas apenas dois compareceram.
O CFP não  aceitou o convite por considerar a composição da mesa pouco  equilibrada. Em um manifesto enviado à Câmara dos Deputados, integrantes  do conselho afirmaram que atores importantes não foram convidados para o  debate e lembraram que desde 1970 a homossexualidade não é considerada  como um transtorno psicológico. A mesa esvaziada de debatedores, no  entanto, não reduziu a temperatura da reunião. A polêmica ganhou força  depois de uma das convidadas, a psicóloga Marisa Lobo, defender o  direito de psicólogos atenderem pacientes que busquem mudar a sua  orientação sexual. Ela disse acreditar ser possível que o paciente mude  sua orientação se esse for o seu desejo.
O coordenador da  Frente Parlamentar Mista pela Cidadania LGBT na Câmara, deputado Jean  Wyllys (PSOL-RJ), disse ter ficado "constrangido" com a defesa da  psicóloga. Marisa revidou, foi advertida mas, mesmo assim, não baixou o  tom. "Não ofendi o deputado. Ele é que tentou me diminuir, tentando  afirmar que minhas posições não podem ser consideradas apenas porque sou  religiosa". A partir daí, o tumulto se formou. Um bate-boca entre  Marisa e representantes do Movimento Gay se instalou: "Ser cristão não  significa ser alienada", disse a psicóloga para uma plateia que revidava  chamando-a de "barraqueira" e "fundamentalista".
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| A expressão do ódio: militantes abandoram a sala quando Bolsonaro (PP-RJ) iniciou sua fala | 
O duelo verbal somente não aumentou porque integrantes do movimento saíram quando Jair Bolsonaro (PP-RJ) começou a falar. "Quem gostaria de ter um filho gay?", perguntava ele, durante o discurso. Mesmo com plenário mais vazio, o clima de auditório permaneceu. Falas do autor do projeto, João Campos, eram volta e meia interrompidas pelos clássicos: "muito bem!", do grupo de religiosos que acompanhava a discussão. No final da audiência, mais um momento de embate. Depois de criticar a decisão de o CFP não participar da audiência, o deputado Roberto de Lucena (PV-SP), decidiu ler trechos do manifesto do conselho. Integrantes do movimento gay presentes à reunião começaram a ler o texto na íntegra provocando nova confusão. Eles foram retirados do plenário da comissão por seguranças da Casa.
Luth Laporta, da Companhia  Revolucionária Triângulo Rosa, que esteve presente na audiência, disse  que não havia nenhuma isenção dos deputados durante a audiência. "Essa  foi uma audiência feita pela comunidade evangélica para comunidade  evangélica. Não houve uma discussão democrática", disse.                    
Fonte: Agência Estado


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