The New York Times
"O homossexual médio, se isso existe, é promíscuo. Ele não está interessado num relacionamento duradouro como o casamento heterossexual, nem tem capacidade para isso."
Assim declarou Mike Wallace no tom impositivo da voz de Deus em The Homosexuals, um programa sensacionalista e de mau gosto de 1966 da CBS Reports, cujo trecho aparece no valioso filme Stonewall Uprising, de Kate Davis e David Heilbrone. É engraçado como o senso comum de ontem pode se tornar o constrangimento de hoje.
Stonewall Uprising é a mais abrangente exploração documentária dos três dias de levante que começaram em 28 de junho de 1969, quando os frequentadores do Stonewall Inn, um surrado bar gay operado pela máfia em Greenwich Village, atacaram a polícia após uma batida de rotina. O filme metodicamente percorre as formas de opressão contra gays e lésbicas nos dias anteriores ao movimento pelos direitos gays.
"Antes de Stonewall, não havia essa de sair do armário ou se assumir", disse Eric Marcus, o autor de Making Gay History: The Half-Century Fight for Lesbian & Gay Equal Rights. "As pessoas falam sobre ser enrustido ou se assumir hoje; não tinha isso, era só enrustido."
Na época dos tumultos, a homossexualidade era ilegal em quase todos os Estados americanos, com exceção de Illinois. Antes de as leis mudarem, um narrador observa, os bares gays ofereciam o mesmo tipo de refúgio social para uma minoria oprimida que as igrejas negras no sul dos EUA antes do movimento pelos direitos civis.
A demonização cultural dos homens gays em filmes de utilidade pública os retratavam, na melhor das hipóteses, como psicologicamente perturbados ou, na pior delas, como predadores sexuais cruéis. As lésbicas eram quase invisíveis.
O mesmo programa da CBS Reports defendia a opinião médica, desde então invalidada, de que a homossexualidade era determinada nos primeiros três anos de vida. O filme mostra imagens antigas de terapia de aversão por eletrochoque sendo aplicada, acompanhadas pela sugestão de que essa poderia ser uma cura promissora para o que era amplamente considerada uma doença mental. O trecho histórico mais perturbador diz respeito ao tratamento de pacientes homossexuais num hospital psiquiátrico de Atascadero, Califórnia, onde alguns recebiam uma injeção com uma droga que simulava o afogamento, um processo que o narrador descreve como uma "tortura química".
É um triste indicativo da marginalização do homossexualismo no final dos anos 1960 que a cobertura da mídia do levante de Stonewall tenha ocorrido em grande parte após o fato. E mesmo então, a cobertura foi superficial e muitas vezes condescendente. Como pouca documentação fotográfica existe sobre o levante, o filme depende principalmente de testemunhas oculares, incluindo Seymour Pine, o hoje aposentado policial que liderou a batida inicial com cinco policiais e que descreve o ocorrido como "uma guerra de verdade".
Os detalhes da batida são reconstruídos por vários dos presentes, incluindo Howard Smith e Lucian Truscott IV, jornalistas do The Village Voice cujos escritórios ficavam nas redondezas. O filme se foca na primeira noite do levante.
Um manifestante se recorda: "De repente, a polícia estava enfrentando algo que nunca havia visto antes. Nunca se supôs que pessoas gays fossem uma ameaça a policiais. Eles deveriam ser homens fracos, de punhos moles, incapazes de fazer qualquer coisa. E lá estavam eles, erguendo coisas e lutando, atacando e batendo". Foi o primeiro movimento do que acabou sendo conhecido como orgulho gay.
"Esse foi o momento Rosa Parks, quando os gays se levantaram e disseram não", Truscott se lembra. "E depois que isso aconteceu, toda a estrutura do sistema de opressão aos gays começou a ruir".
Fonte: Terra
Assim declarou Mike Wallace no tom impositivo da voz de Deus em The Homosexuals, um programa sensacionalista e de mau gosto de 1966 da CBS Reports, cujo trecho aparece no valioso filme Stonewall Uprising, de Kate Davis e David Heilbrone. É engraçado como o senso comum de ontem pode se tornar o constrangimento de hoje.
Stonewall Uprising é a mais abrangente exploração documentária dos três dias de levante que começaram em 28 de junho de 1969, quando os frequentadores do Stonewall Inn, um surrado bar gay operado pela máfia em Greenwich Village, atacaram a polícia após uma batida de rotina. O filme metodicamente percorre as formas de opressão contra gays e lésbicas nos dias anteriores ao movimento pelos direitos gays.
"Antes de Stonewall, não havia essa de sair do armário ou se assumir", disse Eric Marcus, o autor de Making Gay History: The Half-Century Fight for Lesbian & Gay Equal Rights. "As pessoas falam sobre ser enrustido ou se assumir hoje; não tinha isso, era só enrustido."
Na época dos tumultos, a homossexualidade era ilegal em quase todos os Estados americanos, com exceção de Illinois. Antes de as leis mudarem, um narrador observa, os bares gays ofereciam o mesmo tipo de refúgio social para uma minoria oprimida que as igrejas negras no sul dos EUA antes do movimento pelos direitos civis.
A demonização cultural dos homens gays em filmes de utilidade pública os retratavam, na melhor das hipóteses, como psicologicamente perturbados ou, na pior delas, como predadores sexuais cruéis. As lésbicas eram quase invisíveis.
O mesmo programa da CBS Reports defendia a opinião médica, desde então invalidada, de que a homossexualidade era determinada nos primeiros três anos de vida. O filme mostra imagens antigas de terapia de aversão por eletrochoque sendo aplicada, acompanhadas pela sugestão de que essa poderia ser uma cura promissora para o que era amplamente considerada uma doença mental. O trecho histórico mais perturbador diz respeito ao tratamento de pacientes homossexuais num hospital psiquiátrico de Atascadero, Califórnia, onde alguns recebiam uma injeção com uma droga que simulava o afogamento, um processo que o narrador descreve como uma "tortura química".
É um triste indicativo da marginalização do homossexualismo no final dos anos 1960 que a cobertura da mídia do levante de Stonewall tenha ocorrido em grande parte após o fato. E mesmo então, a cobertura foi superficial e muitas vezes condescendente. Como pouca documentação fotográfica existe sobre o levante, o filme depende principalmente de testemunhas oculares, incluindo Seymour Pine, o hoje aposentado policial que liderou a batida inicial com cinco policiais e que descreve o ocorrido como "uma guerra de verdade".
Os detalhes da batida são reconstruídos por vários dos presentes, incluindo Howard Smith e Lucian Truscott IV, jornalistas do The Village Voice cujos escritórios ficavam nas redondezas. O filme se foca na primeira noite do levante.
Um manifestante se recorda: "De repente, a polícia estava enfrentando algo que nunca havia visto antes. Nunca se supôs que pessoas gays fossem uma ameaça a policiais. Eles deveriam ser homens fracos, de punhos moles, incapazes de fazer qualquer coisa. E lá estavam eles, erguendo coisas e lutando, atacando e batendo". Foi o primeiro movimento do que acabou sendo conhecido como orgulho gay.
"Esse foi o momento Rosa Parks, quando os gays se levantaram e disseram não", Truscott se lembra. "E depois que isso aconteceu, toda a estrutura do sistema de opressão aos gays começou a ruir".
Fonte: Terra
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