Depois da difícil decisão de assumirem identidade visual e sexual opostas às de seu nascimento, mulheres e homens transexuais ainda enfrentam o burocrático processo imposto pelo Sistema Único de Saúde (SUS) para conseguirem a cirurgia de readequação sexual. Durante a I Conferência Nacional de Travestis, Transexuais, Lésbicas, Gays e Bissexuais – TLGB , o Ministro da Saúde , José Temporão lançou e já está em vigor há dois anos, a portaria que institui a mudança de sexo na rede pública.
O MPF (Ministério Público Federal) já foi acionado e conseguiu decisão judicial favorável. Esperamos, agora, que o CFM (Conselho Federal de Medicina) altere o texto de uma portaria sua e retire a palavra experimental para que o SUS possa finalmente oferecer o serviço. Sem o apoio do governo federal, O Hospital das Clinicas de Goiânia já fez oito procedimentos de readequação sexual em mulheres. Outro problema é que após as cirurgias, mesmo em homens, o SUS vem com mais burocracia, ao exigir os documentos originais dos pacientes para reembolsar o hospital. É tudo muito contraditório, pois o Ministério do Planejamento recomenda o uso do social das Transexuais , porém, na hora de pagar as cirurgias querem os registros com os nomes que os pais deram a estas cidadãs. Muitas das cidadãs transexuais já entregaram suas identidades a cartórios ou já se desfizeram dos seus documentos do passado.
A Associação brasileira de Travestis, Transexuais, Lésbicas, Gays e Bissexuais, ABGLT entregou no dia 18 de maio, em audiência no Ministério da Saúde uma pauta de reivindicação da I Marcha Nacional contra as TLGBfobias (transfobia, lesbofobia, gayfobia, bifobia) solicitando entre outras coisas que o Governo Federal : desburocratize o processo de cirurgias de readequação de sexo no Brasil; oferte o serviço para quem nasceu com vagina e quer ter pênis; realize os tratamentos de psicologia e psiquiatria, anteriores a operação, nos serviços do SUS das maiores cidades do Brasil e em todas as capitais; Pague os deslocamentos para tratamento das transexuais; e amplie o serviço para as 27 capitais do Brasil. A Recém criada Coordenadoria Geral LGBT, da Secretaria de Direitos Humanos –SDH, que tem a incumbência de monitorar e colocar as políticas do plano nacional de direitos LGBT precisa se movimentar mais e assegurar este direito as Travestis e Transexuais. Esperamos que o CFM e o Ministério da Saúde cumpram a Constituição Federal onde diz que todos somos iguais a lei, sem nenhum preconceito.
Léo Mendes – Suplente do Conselho Nacional de Saúde, diretor executivo da ABGLT .
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