Cerca de 100 pessoas participaram na noite de ontem (16/07) de uma manifestação pacífica contra a homofobia na Praça Bento Quirino, no Centro de Campinas. O movimento foi uma resposta organizada à agressão sofrida pelo jovem Jonathan Eduardo Alves do Prado, bissexual, de 19 anos, no restaurante Camp Chopp, que fica no local, no último dia 9.
Após uma discussão no momento em que entrava no estabelecimento com uma amiga, ele diz ter sido atingido pelo segurança Gustavo Rodrigues com um cassetete de ferro. Prado foi ferido no braço esquerdo e na cabeça. Os representantes do restaurante afirmam que foi o jovem que atacou o segurança, por duas vezes, com um estilete e que o funcionários apenas se defendeu. Prado admitiu que estava com o instrumento no bolso. O caso foi registrado no 1º Distrito Policial (DP). O jovem não compareceu à mobilização.
Com a ajuda de um sistema de som e de um megafone, os manifestantes se revezaram em curtos discursos contra o preconceito e a violência, algumas vezes acompanhados de aplausos e gritos. Além de representantes do movimento LGBTT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transsexuais), a manifestação também contou com o apoio e outros movimentos sociais.
“Não é possível convivermos com qualquer tipo de discriminação. Esse tipo de violência ocorrida aqui na semana passada não fere apenas os direitos dos homossexuais, mas de qualquer sociedade democrática”, afirmou Paulo Mariante, advogado e coordenador de Direitos Humanos do Identidade — Grupo de Luta pela Diversidade Sexual. “Nosso objetivo era reunir a militância e conseguimos, o recado foi dado”, acrescentou.
Com adesivos defendendo a causa gay, panfletagem e beijo na boca, o grupo criticou a conduta do segurança do restaurante e cobrou uma atitude dos proprietários. Cobrindo o rosto com uma maquiagem que mais parecia um ferimento grave, o professor Márcio Cristino chamou a atenção. “Estou representando todas as vítimas da homofobia.”
Já o cliente José Perinotto, que se intitulou a primeira travesti de Campinas (Pamela), defendeu o estabelecimento. “Venho aqui há 12 anos e nunca sofri qualquer tipo de preconceito ou violência.”
O sócio-proprietário do Camp Chopp, Mário Brito, reafirmou que é contra qualquer ação preconceituosa em seu restaurante. Ele recebeu dos homossexuais, e imediatamente colocou na parede do estabelecimento, um pequeno cartaz que indica que o lugar é simpático à causa gay. “O problema foi um fato isolado.” Ele pretende demitir o segurança envolvido na confusão.
Comunidade formalizou 3 acusações
A comunidade LGBTT organizada de Campinas também já reagiu na Justiça contra a agressão sofrida por Jonathan Eduardo Alves do Prado. Três representações foram apresentadas sobre o caso essa semana. Uma foi enviada ao Ministério Público, outra apresentada na Secretaria de Justiça do Estado de São Paulo — com base na Lei estadual 10.948/2001, que dispõe sobre as penalidades a serem aplicadas à prática de discriminação em razão de orientação sexual — e uma terceira baseada na lei municipal 9.809/98, que coíbe a prática de atos discriminatórios realizados por funcionários e/ou proprietários de estabelecimentos particulares e públicos em Campinas.
0 comentários:
Postar um comentário