Uma rua de Salvador está no meio de uma polêmica entre a prefeitura e a ABGLT (Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais).
A José Augusto Berbert de Castro (foto), na periferia da capital baiana, ganhou esse nome em homenagem a um conhecido homofóbico da cidade.
A associação enviou na semana passada um ofício pedindo que a prefeitura revogasse a lei que batiza a rua com o nome do jornalista, escritor, crítico de cinema e homofóbico assumido.
Segundo Luiz Mott, fundador do Grupo Gay da Bahia, durante anos o jornalista foi responsável por publicar no jornal baiano "A Tarde" frases como "matar veados não é homicídio, é caçada" e "mantenha Salvador limpa: mate uma bicha todo dia".
Mott afirma que, se a lei não for revogada até a próxima Parada Gay de Salvador, no dia 12 de setembro, o Grupo Gay da Bahia fará um ato de desobediência civil e pichará o símbolo da suástica sobre o nome do jornalista.
A também jornalista e neta de Berbert, Paula, chegou a pedir desculpas a Mott pelas declarações do avô. Ela conta que ele usava um boné com a inscrição "Berbert: Exterminador de Veados" para praticar corrida.
"Uma vez, vendo o filme "Brokeback Mountain" [sobre o amor entre dois caubóis gays], ele disse: "Olha lá! Começou! Que repugnante!'"
A neta, porém, diz que reduzir o avô, morto no último dia 22, apenas ao seu "ativismo às avessas" seria injusto.
Ele também era médico e, segundo a neta, o segundo autor baiano que mais vendeu livros em seus lançamentos, perdendo apenas para Jorge Amado, de quem era amigo.
O autor do projeto de lei que deu o nome do jornalista à rua, vereador Pedro Godinho (PMDB-BA), diz que não vê motivo para revogar a lei e que a homenagem se refere apenas à trajetória profissional do baiano.
"Já fui duas vezes à Parada Gay de Salvador e não concordo com as posições pessoais dele."
Fonte: Folha de São Paulo
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