Surpreso com o argumento usado por autores da Globo para não exibir beijos entre personagens homossexuais em suas obras, o secretário nacional de Justiça, Pedro Abramovay (foto), afirmou nesta sexta-feira (20) que o Ministério da Justiça não tem nenhuma restrição a cenas do tipo em obras de dramaturgia na televisão, em qualquer horário.
Segundo o secretário, o argumento da classificação indicativa é usado como desculpa para não incluir o beijo gay nas tramas de novelas.
O assunto veio à tona após o PSOL mostrar em seu horário eleitoral gratuito um beijo entre dois homens. A coluna Outro Canal procurou autores de novelas para comentar o assunto.
Ricardo Linhares, colaborador de Gilberto Braga na próxima trama das 20h da Globo, disse: "Será que a classificação indicativa permitiria a veiculação?"
"Alguns roteiristas continuam usando esse argumento para se justificar perante a sua própria classe porque eles fazem uma opção de mercado por não colocar um beijo gay", afirmou em entrevista o secretário nacional de Justiça à Folha [de São Paulo]. "Parece que os políticos estão mais livres para a ficção do que os roteiristas."
Abramovay diz que, no meio artístico, qualquer comentário preconceituoso é malvisto. "Para não dizerem que estão com medo de colocar e perder audiência, eles colocam a culpa no Ministério da Justiça", avalia.
"Um beijo gay e um beijo heterossexual são exatamente a mesma coisa do ponto de vista da classificação indicativa", afirmou.
Segundo o secretário, essa é uma opção que a obra que tem que fazer "do ponto de vista criativo". "O Ministério da Justiça nunca vai fazer uma classificação partindo de um critério discriminatório", disse.
O secretário diz ainda que está tentando se reunir com os roteiristas para avaliar os critérios usados para a classificação indicativa de novelas.
"Conversei com o Marcílio Moraes [autor da Record e presidente da Associação dos Roteiristas]. Ele achou ótima ideia, mas disse que os roteiristas não têm agenda", afirma.
Para Abramovay, a inclusão de um beijo gay em novelas seria comemorado pelo Ministério da Justiça.
"Um beijo gay pode, inclusive, ajudar a tratar a orientação sexual das pessoas de uma maneira natural. Ajuda na educação das crianças e não atrapalha."
Fonte: Folha de São Paulo
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