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segunda-feira, 2 de agosto de 2010

[ARTIGO] Não gosto de calça saruel - Kiko Kiaze

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Talvez eu não tenha nascido para ser gay. Declaração inusitada, eu sei. Mas não estou falando das minhas preferências sexuais. Estou falando da “marca” gay, do carimbo, do rótulo.

Às vezes eu navego por alguns sites de notícias gays da net e tenho a impressão de que sou um peixe fora d’água. O mesmo acontece quando escuto, por acaso, conversas de gays na rua. Muita coisa não me representa. Não faço cruzeiros gays, não uso cuecas da Calvin Klein, não bebo vodca nem drinks caros, não uso óculos ray-ban pra ir na padaria e nunca assisti a nenhum episódio de Glee. Ah, and my english (requisito fundamental no Rio pra caçar gringo na Praia de Ipanema) is not that good.

Uma vez, de carona com um amigo, ele me disse que ser gay era caro demais. Reclamou que não sobrava dinheiro para nada e começou a enumerar os gastos mensais: estacionamentos carésimos de festinhas modernetches, roupas de grife, perfumes importados, bala, academia, bomba, tratamento de pele (sim, ele faz), entrada de festas e boates… A entrada da festa para onde íamos, inclusive, custou R$ 80. A garrafinha de água lá dentro era 5 reais! E ele ainda debochou da fila enorme reservada para uma galera que tinha nome numa lista para pagar mais barato.


Futilidades. Pink money em alta.  Frescurites. A imagem do gay consumista, bacana e fashion segue firme. Daí algumas pessoas acham estranho quando eu digo coisas como a  frase do título deste post, conforme aconteceu hoje.


- Como assim, você não gosta de calça saruel? Tá
super na moda. Todo mundo tá usando.

Todo mundo usando, menos eu, ora. E qual o problema?

Acho um horror. Parece fraldão, me dá aflição só de olhar. Se o cara não tiver bunda então piorou.
Ah, mas é fashion! … "
Féshion os olhos", eu diria. Tô cagando e andando pros fashionistas. Não sigo tendências e não troco nada pelo meu trio básico jeans, tênis e camiseta… me sinto muito mais eu. Simples assim.

Quem é Kiko Kiaze ?

Sou escritor, carioca, já fui ator amador de um grupo teatral do Retiro dos Artistas, geminiano às vezes complicado, às vezes fácil demais, budista por filosofia, filho de Oxum (os búzios me disseram), avesso às convenções, de saco cheio de tanta hipocrisia, amante das artes e da Natureza. “Depois de Sábado à Noite“ (Editora Fábrica de Leitura) é o meu primeiro romance publicado, onde lanço um olhar realista, crítico, sensual e bem humorado sobre o mundo gay contemporâneo.

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