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sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Pela primeira vez em show em Salvador, Claudia Wonder encerra hoje o Stonewall 40 +. Veja entrevista.

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Em entrevista, Claudia Wonder fala sobre carreira, militância e documentário

Do MIX BRASIL

Atriz, cantora, compositora, escritora, colunista e militante pelos direitos LGBT. A trans multimídia Claudia Wonder é a grande atração do Stonewall 40 + o que no Brasil?, que encerra sua programação nesta sexta-feira, 17, às 20h30, no Bahia Café Aflitos, em Salvador. Em sua primeira apresentação na cidade, com direito a uma mesa redonda de debates, a artista garante que o show será inesquecível. “Já pulei carnaval em Salvador, mas nunca me apresentei”, diz animada. Antes de sair de viagem, Claudia conversou com o Mix.


É a primeira vez que você vai a Salvador?
Eu já fui para pular carnaval, de férias, e adorei. Mas nunca cheguei me apresentar lá. Estou bastante animada e tenho certeza que será inesquecível.


O que vai cantar?
As músicas do FunkyDiscoFashion, mas não todas. Serão aquelas que eu notei que fazem mais sucesso com o público, como o Atendimento. Irei com o autor da música Diva da Dúvida, que é DJ, e enquanto eu troco de roupa – serão algumas trocas – ele também vai cantar as músicas de sua composição.


Do rock dos anos 80, passando para o FunkyDiscoFashion, como é voltar aos palcos cantando?
Eu nunca larguei os palcos. Fiquei afastada durante quatro anos, quando fui casada na Suíça. Mas acho que nem conseguiria ficar muito tempo longe, pois ele já faz parte da minha vida. Na infância, a primeira vez que subi no palco e escutei aplausos, disse: É isso que eu quero. Hoje é exatamente a mesma coisa. O aplauso é a grande terapia para o artista. É a grande cura.


Claudia, sente saudades do rock?
Tenho, adoro o rock. Gostaria até de lançar um CD retroativo com minhas músicas dos anos 80. Mas também sou bem eclética, tenho vontade de cantar bossa nova, músicas no estilo da Maysa. Também algo mais atual para casas gays.


Com carreira consolidada, você foi à Europa no final da década de 80 e só voltou de vez ao Brasil 11 anos depois. Qual foi mudança que você observou no cenário gay?
O brasileiro estava mais tolerante. Antes, a gente era xingado na rua todos os dias. Era “viado” toda hora. E quando voltei não tinha mais isto. Depois notei a quantidade de gays assumidos, que aumentou. E também a organização. Voltei em 98 e já tinha muitos grupos reunidos por todo o Brasil, a Parada. Não teve nada de negativo. Negativo eu vejo hoje, que deu uma estagnada.


De qual maneira?
O gay já se sente aceito, mas é um aceito entre aspas. Apesar dessa consciência, é só ir a vários lugares do Brasil para ver que ainda existe muito preconceito, intolerância, que ele não é aceito coisa nenhuma. Há pouco tempo fui à feira, e um feirante gritou na frente de todos: “meu pai me fez macho”.


Atualmente muito se fala em casamento gay, beijo gay em novela nas 21h. Em sua opinião, qual é o grande direito que os LGBT deveriam ir atrás?
As coisas podem chegar por aí, mas o Brasil é um país teimoso. Foi o último a abolir a escravidão. Penso: Será que não existe algo mais próximo para irmos atrás? Primeiro, acho que a gente tem que lutar para que a palavra “viado” não seja mais palavrão. Porque enquanto o gay não for respeitado como pessoa, enquanto for comparado a um animal e ainda achar graça, enquanto ele não tiver coragem de assumir em qualquer lugar, em qualquer lugar, tudo fica mais complicado.

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