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quinta-feira, 14 de abril de 2011

Protesto pede o fim do racismo e da homofobia

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Entidades do movimento negro, de mulheres e de defesa dos homossexuais fizeram um ato político na tarde desta quarta-feira (13/4), no Centro de Salvador, para pedir cassação do deputado federal Jair Bolsonaro (PP-RJ), pelas declarações racistas e homofóbicas feitas no programa CQC da Band, no dia 29 de março. O protesto aconteceu em frente à sede da seção Bahia da Ordem dos Advogados do Brasil, em Salvador (BA).

De posse de suas bandeiras e de um manifesto de repúdio às declarações do parlamentar, os participantes se fizeram ouvir através do carro de som ou pelo material, entregue a todos os transeuntes. “Eu considero este um ato muito grandioso, pois apesar do curto tempo de duração, conseguiu reunir pessoas de diversas entidades e frentes de luta contra o preconceito, o racismo e a homofobia. Foram grandes representações da cidade de Salvador, da juventude, das mulheres, do movimento cultural, do movimento gay e lésbico, de parlamentares. Nós conseguimos falar para uma população que muitas vezes não sabia do fato, porque não tem acesso à internet ou não assistiu ao programa da Band. E o povo tomou, leu e aderiu ao manifesto. Isto é muito importante”, afirmou Ubiraci Matildes, da direção da Unegro e do Fórum Nacional de Mulheres Negras, entidades que foram as principais articuladoras do ato.

O Grupo Gay da Bahia (GGB) também participou da manifestação, levando a bandeira do arco-íris, sua marca registrada. No microfone, o antropólogo Luiz Mott, um dos fundadores do grupo, falou da importância de reconhecermos o outro como igual e de protestar contra toda e qualquer forma de preconceito. “Quando a gente conhece o outro, entende que o branco, o negro, o gay, a lésbica, todos são iguais e fazem parte da grande raça humana. A Bahia, aqui representada pelo movimento negro e o movimento homossexual, protesta. Nós não permitimos que este desrespeito continue acontecendo. Direitos valem para todos, para os negros, para os homossexuais e para as mulheres”, declarou Mott.

Este é o mesmo posicionamento da Negritude Socialista, movimento negro do PSB. “Estamos aqui, porque discordamos de tudo de ruim que vem acontecendo em nosso município, em nosso estado, em nosso país. A fala de Bolsonaro, por exemplo, nos fez vir às ruas, na medida em que entendemos, que a fala e ações dele, como tantas outras, tem que nos trazer para as ruas, porque temos que nos rebelar e tirar-lhe o mandato, que vem sendo exercido de forma muito prejudicial para o povo brasileiro”, disse Jorge Eumawilyê, coordenador nacional da Negritude Socialista.

Representado no evento pelo presidente do Comitê Municipal, Geraldo Galindo, e por diversos militantes, o PCdoB fez questão de manifestar sua solidariedade e apoio às entidades que promoveram o ato e de deixar bem claro seu repúdio ao episódio. “O PCdoB considera que todo ato de intolerância deve ser combatido. O partido repele esta intolerância contra as mulheres, contra os homossexuais, contra os negros. No Congresso Nacional, defendemos todas estas bandeiras libertárias, bem como a punição de todos aqueles que perseguem, que têm ódio daqueles que exercem a sua livre opção sexual. O nosso partido defende no Congresso, uma punição vigorosa para todos aqueles que praticam crime de racismo, de homofobia e de machismo”, enfatizou Galindo.

O comunista repudiou também alguns setores da imprensa que tem defendido o Jair Bolsonaro, com o argumento de que ele tem a liberdade de expressão para usar as suas opiniões. “Esta liberdade de expressão não pode se sobrepor a outras cláusulas que existem na nossa Constituição, que é a defesa contra o racismo, a homofobia e contra as minorias. Ele tem o direito de se manifestar, mas não pode se sobrepor às leis, portanto ele deve ter o mandato cassado”, concluiu Galindo.

Em mais uma ação em defesa dos direitos dos homossexuais, o PCdoB estará reunindo no próximo dia 28 de abril, às 19h, os militantes da luta contra a homofobia. O encontro acontece na sede do partido, na rua do Salete, 330, nos Barris, sendo aberto a todos que queiram militar pela causa, independentemente de sua orientação sexual.


De Salvador,
Eliane Costa

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