“A maior violência para conosco é a invisibilidade. Para quê tortura maior do que ser ignorada?”, questionou Nildes Sena, da Rede Afro LGBT. De acordo com a Sessão Especial pelo Dia da Visibilidade Lésbica, ocorrida na quarta-feira, 31 de agosto, no plenário da Câmara Municipal de Salvador, a luta pela visibilidade lésbica vem da sensação de ‘invisibilidade’ que essas mulheres experimentam em relação à sua sexualidade. Realizada pelas vereadoras Marta Rodrigues e Vânia Galvão, em parceria com o coletivo de Lésbicas e Bissexuais da Bahia (LesBiBahia), a representativa e plural sessão promoveu diálogos sobre os problemas enfrentados pelas lésbicas, bem como reivindicações de direitos específicos.
A vereadora Marta Rodrigues a casa legislativa tem que combater a lesbofobia, homofobia e a transfobia. “Não podemos admitir que facistas venham levantar bandeiras reacionárias dentro de espaços do poder público, como vem acontecendo no senado”, disse a Marta. “Precisamos cada vez mais pautar debates como este”, disse. Já a vereadora Vânia Galvão lembrou que este é o quarto ano em que sessões em homenagem ao Dia da Visibilidade Lésbica são realizadas na Casa Legislativa e que Salvador, em sua lei orgânica, foi a primeira cidade da América Latina a proibir a discriminação por orientação sexual.
Para Raphaella de Oliveira, Coordenadora do Coletivo LesBiBahia, as lésbicas não são bem representadas nem no movimento LGBT, nem no movimento de mulheres. “Não nos sentimos contempladas pois a sociedade é sexista e machista, mesmo dentro dos movimentos. Eu quero que a sociedade me veja, que o poder público me veja. Quero poder sair na rua de mãos dadas com a minha namorada, sem por isso correr o risco de ser estuprada”, disse Raphaella. Segundo Raphaella, ao pensar na diferença entre o que é ser mulher e o que é ser lésbica o movimento acaba por chegar a uma conclusão de que elas são lésbicas políticas. “Somos lésbicas políticas pois lutamos por direitos dentro de uma sociedade que nos trata como invisíveis”.
A vereadora da cidade de Conceição de Maria e articuladora regional da Liga Brasileira de Lésbicas, Edilene Paim, acredita que é necessário ter rebeldia para marcar os processos de construção da identidade das lésbicas políticas na Bahia. “Construir história implica que teremos conflitos e enfrentamentos constantes”, disse. Rosangela Costa do Coletivo Felipa de Sousa fez um panorama sobre a história da organização do movimento de lésbicas no Brasil e citou o descaso da saúde para com as lésbicas. “O programa de Saúde da Família não reconhece os nossos arranjos familiares e o programa de saúde da mulher não contempla as especificidades das nossas práticas sexuais”, contou.
Já a professora do Núcleo de Estudos de Gênero e Sexualidade Diadorim, Sueli Messeder, abordou a importância da parceria entre a academia e o movimento social. “Como acadêmicos temos o desafio de descobrir como dialogar de forma mais horizontal com o movimento social”, disse Sueli. A assessora da Secretaria de Políticas Públicas para as Mulheres, Maiara Alves, que também participou da sessão, colocou a secretaria à disposição do movimento lésbico.
Fonte: ASCOM/Marta Rodrigues
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