Uma improvável “pesquisa de opinião” deste blog revelou um fato que não chega a ser surpreendente: não se encontra alma viva que não tenha tomado conhecimento da polêmica em torno da propaganda de lingerie da Hope na qual a “top model” Gisele Bündchen insinua oferta de sexo a um homem de forma a “compensá-lo” por bater seu “carro” e “estourar” o limite de seu cartão de crédito.
Além da enorme repercussão do caso, a veiculação de tal propaganda aumentou exponencialmente – tanto na tevê aberta quando na tevê por assinatura – depois que a ministra da Secretaria de Políticas para as Mulheres (SPM), a mineira de Lavras Iriny Lopes (foto), oficializou ao Conar (Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária) um pedido de suspensão daquela peça publicitária, agindo em resposta a queixas que a Secretaria recebeu.
Parece desnecessário especular sobre a causa do aumento da veiculação da peça. Trata-se de afirmação de independência e poder não da empresa que financiou a produção, mas da categoria publicitária (de empresas a profissionais da área) e da própria mídia como um todo, que, há muito, classifica como “censura” qualquer tentativa de regulação do espaço público da comunicação por rádio e tevê.
Dessa iniciativa da SPM decorreu forte reação dos meios de comunicação de massa, reação que fica evidenciada na edição desta semana da revista IstoÉ, que afirma que Iriny “tornou-se alvo de uma saraivada de críticas e virou tema para humoristas ao mexer num vespeiro”, tendo sido acusada pelos “críticos mais exaltados” de ter investido contra o comercial da Hope por conta de uma “reação feminina de inveja à beleza da Gisele Bündchen”.
Uma das charges encomendadas pela mídia para ridicularizar a titular da Secretaria do governo federal de Políticas para Mulheres mostrou-a seminua (só de lingerie), em franca desvantagem em relação às formas exuberantes e à juventude da “top model” da propaganda do fabricante de lingerie devido ao fato de a ministra ter idade para ser sua mãe.
Em um momento em que a presidente Dilma Rousseff vinha fazendo gestos de boa vontade para com a grande mídia, prestigiando suas autocongratulações festivas e programas destinados ao público feminino, além de fazer reiterados gestos de gentileza ao político mais celebrado pelos grandes meios de comunicação, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, essa mulher de meia-idade, de aparência comum, petista de carteirinha, ocupante do principal cargo em um órgão considerado “inútil” por esses veículos, cutucou a onça com vara curta.
Só o episódio envolvendo o fabricante de lingerie Hope já teria potencial para fazer a ministra refletir que não é promissor para a sua carreira política enfrentar a máquina de moer reputações da direita brasileira, sobretudo por conta da fragilidade do ministério do atual governo diante do noticiário, fato comprovado pela queda de cinco ministros neste ano após matérias da imprensa. No entanto, Iriny voltou à carga.
Além do caso da propaganda de lingerie, a SPM, provocada pelo sindicato dos metroviários de São Paulo, pediu providências à Globo em relação ao programa humorístico Zorra Total, que apresenta quadro em que uma mulher aceita ser apalpada por um estranho em um vagão de metrô lotado. A provocação do sindicato à SPM acusa o quadro do programa de incentivar o assédio sexual de mulheres no transporte público.
Em seguida, o mesmo órgão, por iniciativa da ministra, pediu à Globo que colaborasse com a divulgação da existência de instâncias do governo a que mulheres vitimadas por violência doméstica podem recorrer. A colaboração se daria através da inserção de informações nas cenas da novela Fina Estampa em que uma mulher e sua filha são reiteradamente agredidas pelo marido e pai.
Aguinaldo Silva, autor da novela Fina Estampa, bem como a própria Globo receberam mal o pedido de colaboração da SPM e, como de costume, passaram a brandir queixas sobre “censura” apesar de o órgão ter feito apenas um pedido, não tendo tomado nenhuma medida para obrigar a emissora e o autor a colaborarem com a campanha governamental para informar as brasileiras da existência de medidas oficiais de proteção à mulher.
Apesar de carregar nas tintas, a mídia deixa ver que Iriny Lopes, à diferença dos homens do ministério de Dilma que não resistiram às seguidas matérias veiculadas com enorme destaque acusando-os, pode vir a se mostrar um osso duro de roer. Uma matéria da revista Veja divulgada no fim do ano passado, quando da nomeação de Iriny por Dilma, e outra publicada na revista IstoÉ desta semana revelam uma mulher no mínimo tenaz.
Segundo a edição da revista Veja de 13 de dezembro do ano passado, “Iriny Lopes está no PT desde 1984″ e “pertence a uma ala mais radical do partido”, tendo chegado a “integrar a chamada bancada agrária, simpática ao Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST)”.
Já a revista IstoÉ, na edição desta semana, classifica a ministra como “militante dos direitos civis e fundadora do PT no Espírito Santo” e afirma que ela “enfrentou momentos difíceis em seus 58 anos de vida”, já que, “ao combater a corrupção e o crime organizado em seu Estado, foi ameaçada de morte e passou cinco anos sob proteção da Polícia Federal”.
Alguém com tal histórico provavelmente não se deixará intimidar por campanhas difamatórias na imprensa, mesmo que, previsivelmente, surja alguma acusação à sua honestidade, arma que tem sido altamente eficiente na derrubada incessante de ministros que vem marcando o atual governo. E é bom que seja assim mesmo, porque essa mulher de aparência frágil de fato enfureceu a mídia.
Além da enorme repercussão do caso, a veiculação de tal propaganda aumentou exponencialmente – tanto na tevê aberta quando na tevê por assinatura – depois que a ministra da Secretaria de Políticas para as Mulheres (SPM), a mineira de Lavras Iriny Lopes (foto), oficializou ao Conar (Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária) um pedido de suspensão daquela peça publicitária, agindo em resposta a queixas que a Secretaria recebeu.
Parece desnecessário especular sobre a causa do aumento da veiculação da peça. Trata-se de afirmação de independência e poder não da empresa que financiou a produção, mas da categoria publicitária (de empresas a profissionais da área) e da própria mídia como um todo, que, há muito, classifica como “censura” qualquer tentativa de regulação do espaço público da comunicação por rádio e tevê.
Dessa iniciativa da SPM decorreu forte reação dos meios de comunicação de massa, reação que fica evidenciada na edição desta semana da revista IstoÉ, que afirma que Iriny “tornou-se alvo de uma saraivada de críticas e virou tema para humoristas ao mexer num vespeiro”, tendo sido acusada pelos “críticos mais exaltados” de ter investido contra o comercial da Hope por conta de uma “reação feminina de inveja à beleza da Gisele Bündchen”.
Uma das charges encomendadas pela mídia para ridicularizar a titular da Secretaria do governo federal de Políticas para Mulheres mostrou-a seminua (só de lingerie), em franca desvantagem em relação às formas exuberantes e à juventude da “top model” da propaganda do fabricante de lingerie devido ao fato de a ministra ter idade para ser sua mãe.
Em um momento em que a presidente Dilma Rousseff vinha fazendo gestos de boa vontade para com a grande mídia, prestigiando suas autocongratulações festivas e programas destinados ao público feminino, além de fazer reiterados gestos de gentileza ao político mais celebrado pelos grandes meios de comunicação, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, essa mulher de meia-idade, de aparência comum, petista de carteirinha, ocupante do principal cargo em um órgão considerado “inútil” por esses veículos, cutucou a onça com vara curta.
Só o episódio envolvendo o fabricante de lingerie Hope já teria potencial para fazer a ministra refletir que não é promissor para a sua carreira política enfrentar a máquina de moer reputações da direita brasileira, sobretudo por conta da fragilidade do ministério do atual governo diante do noticiário, fato comprovado pela queda de cinco ministros neste ano após matérias da imprensa. No entanto, Iriny voltou à carga.
Além do caso da propaganda de lingerie, a SPM, provocada pelo sindicato dos metroviários de São Paulo, pediu providências à Globo em relação ao programa humorístico Zorra Total, que apresenta quadro em que uma mulher aceita ser apalpada por um estranho em um vagão de metrô lotado. A provocação do sindicato à SPM acusa o quadro do programa de incentivar o assédio sexual de mulheres no transporte público.
Em seguida, o mesmo órgão, por iniciativa da ministra, pediu à Globo que colaborasse com a divulgação da existência de instâncias do governo a que mulheres vitimadas por violência doméstica podem recorrer. A colaboração se daria através da inserção de informações nas cenas da novela Fina Estampa em que uma mulher e sua filha são reiteradamente agredidas pelo marido e pai.
Aguinaldo Silva, autor da novela Fina Estampa, bem como a própria Globo receberam mal o pedido de colaboração da SPM e, como de costume, passaram a brandir queixas sobre “censura” apesar de o órgão ter feito apenas um pedido, não tendo tomado nenhuma medida para obrigar a emissora e o autor a colaborarem com a campanha governamental para informar as brasileiras da existência de medidas oficiais de proteção à mulher.
Apesar de carregar nas tintas, a mídia deixa ver que Iriny Lopes, à diferença dos homens do ministério de Dilma que não resistiram às seguidas matérias veiculadas com enorme destaque acusando-os, pode vir a se mostrar um osso duro de roer. Uma matéria da revista Veja divulgada no fim do ano passado, quando da nomeação de Iriny por Dilma, e outra publicada na revista IstoÉ desta semana revelam uma mulher no mínimo tenaz.
Segundo a edição da revista Veja de 13 de dezembro do ano passado, “Iriny Lopes está no PT desde 1984″ e “pertence a uma ala mais radical do partido”, tendo chegado a “integrar a chamada bancada agrária, simpática ao Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST)”.
Já a revista IstoÉ, na edição desta semana, classifica a ministra como “militante dos direitos civis e fundadora do PT no Espírito Santo” e afirma que ela “enfrentou momentos difíceis em seus 58 anos de vida”, já que, “ao combater a corrupção e o crime organizado em seu Estado, foi ameaçada de morte e passou cinco anos sob proteção da Polícia Federal”.
Alguém com tal histórico provavelmente não se deixará intimidar por campanhas difamatórias na imprensa, mesmo que, previsivelmente, surja alguma acusação à sua honestidade, arma que tem sido altamente eficiente na derrubada incessante de ministros que vem marcando o atual governo. E é bom que seja assim mesmo, porque essa mulher de aparência frágil de fato enfureceu a mídia.
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