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quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Luiz Mott critica Governo Federal e anuncia que GGB não contará mais crimes

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Decano do movimento LGBT no Brasil, Luiz Mott surge como o contraponto de opinião sobre a realização da 2ª Conferência Nacional LGBT e recusou o convite para participar do evento. Em carta, o líder do Grupo Gay da Bahia (GGB) se diz descontente com a política do Governo Federal com relação a população LGBT e avisa que vai parar de contar os assassinatos de homossexuais no Brasil.
“Recuso o convite para participar desta 2ª Conferencia Nacional porque não quero ser conivente com mais esta encenação bufa do atual Governo e de seus sequazes, que se contentam com migalhas e vendem sua dignidade por um prato de lentilhas”, diz Mott na mensagem que você lê na íntegra logo abaixo.
“Torço para que eu esteja errado e serei o primeiro a reconhecê-lo se após mais esta conferência milionária, o Brasil deixar de ser o campeão mundial de crimes homofóbicos”, completa o decano. Ele anuncia ainda que o GGB deixará de fazer seu levantamento anual de assassinatos de pessoas LGBT – o único do tipo no Brasil - e passa a responsabilidade pela contagem à Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República. Confira:
Nunca antes, na história desse país, tantos homossexuais foram assassinados, espancados e morreram de Aids. Nunca, como nos últimos dez anos, o Governo Federal fez tanta propaganda, prometeu maravilhas, fez conferências e grupos de trabalho e não obstante, como disse duas vezes a Senadora Marta Suplicy, “a situação piorou para os homossexuais no Brasil: na Argentina tem casamento gay, aqui tem espancamento!” Quando Lula iniciou seu governo, matava-se um gay ou travesti a cada 3 dias. Com Dilma a imprensa noticia um “homocídio” a cada 36 horas. Enquanto apenas 1% dos homens heterossexuais são HIV+, os gays atingem 11%, recebendo apenas 0,9% do orçamento para a prevenção da Aids.
Na qualidade de Decano do Movimento Homossexual Brasileiro, há 31 anos na frente dessa luta, líder do Grupo Gay da Bahia e Professor Titular da UFBa, tenho vivência, competência e independência para denunciar: estamos no fundo do poço! Tenho sido o crítico mais contundente, desmascarando os equívocos do Governo e das lideranças pelegas no enfrentamento da homofobia. É absolutamente inaceitável que o primeiro Conselho LGBT tenha como presidente um preposto governamental heterossexual; é ultrajante que a Presidenta da República tenha vetado o Kit Antihomofobia Escolar e continue a se referir a nossa a orientação sexual com termos do senso comum; é vergonhoso que nossas lideranças partidarizadas sejam tão submissas ao faz de conta estatal, sem ouvir o clamor do povo LGBT que não aguenta mais tanta humilhação.
Recuso o convite para participar desta 2ª Conferencia Nacional porque não quero ser conivente com mais esta encenação bufa do atual Governo e de seus sequazes, que se contentam com migalhas e vendem sua dignidade por um prato de lentilhas. Torço para que eu esteja errado e serei o primeiro a reconhecê-lo se após mais esta conferência milionária, o Brasil deixar de ser o campeão mundial de crimes homofóbicos.
E aviso aos navegantes pela última vez: transfiro à Secretaria de Direitos Humanos a responsabilidade pela manutenção do banco de dados sobre assassinatos de LGBT no Brasil. 235 “homocídios” até novembro. Quem pariu Mateus, que o embale!
Luiz Mott

Fonte: Mix Brasil

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