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quarta-feira, 16 de maio de 2012

Seminário Temático sobre Educação, Sexualidades e Gênero: foi simplesmente extraordinário!

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O último Seminário Temático de 2012.1, realizado no sábado 12/05, fechou a programação com chave de ouro! A discussão sobre Educação, Sexualidades e Gênero, contou com a inigualável fala da Socióloga e Pesquisadora Mary Garcia Castro; o Pedagogo, Mestrando em Cultura e Sociedade/UFBA e Pesquisador do CUS, Josué Leite; e Larissa Nascimento, aluna da Faculdade Montessoriano e representante da Rede Afro LGBT.


A abertura dos trabalhos ficou por conta de Mary Castro, que apresentou as vertentes da discussão sobre sexualidades a partir das chamadas Ciências sexualis e da arte erótica. Uma pautada numa concepção de sexualidade a partir do discurso científico disciplinar e disciplinador, enquanto a outra preocupada em conceber a sexualidade a partir da dimensão do prazer e das subjetividades. Mary demonstrou, através das pesquisas que desenvolveu sobre juventudes e sexualidade, algumas vinculadas à sua atuação como pesquisadora da UNESCO, como a escola se apropria das ciências sexualis e se distancia da realidade emergente, pulsante, viva, da juventude que “educa”, tornando o discurso da escola absolutamente inóquo e incapaz de compreender as transformações e necessidades do seu próprio tempo.



Larissa Nascimento foi a revelação do encontro! A fala jovem, implicada e com ponderações e dados muito bem colocados, discorreu sobre pesquisas e fatos vivenciados na militância na Rede Afro LGTB, em visitas às escolas e em estudos, que revelam a forma perversa como as sexualidades são tratadas, excluindo de forma violenta crianças, adolescentes e jovens que fogem à normatividade, ao enquadre binário masculino/feminino, homem/mulher.
Trazendo a abordagem queer para a discussão, Josué Leite logo advertiu: a teoria queer é “babado e confusão”! E não é para menos! Os estudos queer se apropriam do termo que, no inglês, é extremamente pejorativo e designa “estranho, ridículo” para afirmar positivamente a idéia de contraposição á normatividade, de questionamento a todas as concepções sobre sexualidades socialmente aceitas. Para isso, os queers rejeitam a idéia de inclusão via tolerância; o queer não quer ser tolerado, ele está satisfeito com o que é; ele não quer ser igual e defende seu direito de ser diferente. A base da teoria, que assume caráter de política e de política de currículo, é evocar a constituição das sexualidades através da linguagem: a idéia de uma heteronormatividade que institui a sexualidade dos sujeitos antes mesmo da sua existência de fato, definindo a sexualidade a partir do momento que se sabe o sexo biológico do bebê. Acontece que a sexualidade não se traduz apenas biologicamente. A compreensão de sexualidade vai muito além. A abordagem queer defende a idéia de sexualidade em trânsito, que nada mais é do que admitir que ao longo a existência dos sujeitos sua sexualidade pode ir se transformando, sem a necessidade de categorizações fixas… Ou seja, a grande pergunta dos queers é: por que não? Por que a sexualidade tem que está enquadrada no binômio masculino/feminino? Homem/mulher? Por que não homo? Por que não trans?
A discussão foi interessantíssima e demonstrou o quanto a educação está anos luz de compreender e saber lidar com as diversidades de todas as naturezas, inclusive com diversidade sexual. E mais do que isso, como Larissa apontou: o impacto dessa falta de habilidade da escola, da sociedade, é perverso! E é, sim, necessário, mais do que nunca, travar uma discussão no seio da formação dos educadores sobre o tipo de educação que queremos para esta sociedade. Que tipo de sujeitos queremos formar. Como disse Mary Castro, só há uma via possível para que a educação cumpra com o seu papel: o desenvolvimento da criticidade! Mas para isso, há de se ter educadores que, antes de tudo, sejam também críticos… E aí percebemos que o caminho é longo e árduo, porque a escola, como defendeu Althusser, é um aparelho ideológico de estado, portanto comprometido com a conservação da sociedade e do seu status quo. A “bola” está nas mãos de cada um de nós, cada um fazendo diferente, fazendo a sua parte!
Queremos agradecer a Profª Mary Gacia Castro, a Josué Leite, a Larissa Nascimento e a todo o público presente! Que as falas daquele momento ressoem agora, para que o futuro da Educação seja outro!

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