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quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Pesquisa revela que só 33% são a favor de relações homossexuais em Salvador

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Falar sobre relacionamentos amorosos entre pessoas do mesmo sexo não é novidade para ninguém, mas, em Salvador, o assunto ainda divide opiniões e deixa muita gente em cima do muro. 

De acordo com uma pesquisa realizada entre os dias 27 e 29 de agosto, pelo CORREIO/Instituto Futura, o número de soteropolitanos favoráveis à relação entre pessoas do mesmo sexo é de 33% - 4,3% a menos do que no ano passado. 

Menos de duas semanas após o Tribunal de Justiça do Estado da Bahia (TJ-BA) permitir o casamento de gays em cartórios de todo o estado, os resultados da pesquisa também revelam a dificuldade dos entrevistados em opinar em um tema ainda considerado polêmico. Dos 400 participantes na cidade, 36% se declararam indiferente; ou seja, nem contra, nem a favor. 

O professor Vilson Caetano (esq.) e o artista plástico Rodrigo Siqueira (dir.), juntos há três anos

A estudante Manuella Cardoso, 20 anos, faz parte desse grupo. Criada numa família católica e conservadora, afirma ter sofrido um choque quando entrou na faculdade, há dois anos, e se deparou com muitos colegas abertamente gays. “No começo, eu entrava em combate com eles, dizia que era errado. Hoje, sei que existe amor e seriedade”, conta a jovem. 

Marcelo Cerqueira, presidente do Grupo Gay da Bahia (GGB), acredita que os índices de indiferença são causados pelo fato de que as pessoas do estado, de uma maneira geral, não têm interesse em se posicionar. “Aqui é comum dizer que ‘não tem nada contra, muito menos a favor’. As pessoas não querem se mostrar.”

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Parada gay 
Cerqueira, no entanto, acredita que o número de pessoas contrárias a relações de pessoas do mesmo sexo é menor do que o constatado pela pesquisa, que foi de 30%. “O número de gente a favor pode ser maior, porque temos um milhão de pessoas na Parada Gay”, contrapõe. 

Para o conselheiro nacional LGBT, Leandro Colling, os dados mostram o que qualquer um pode perceber, se tiver uma visão crítica. “Vivemos em uma sociedade altamente homofóbica e a pesquisa dá um raio-x, ainda que momentâneo, de como essas questões são percebidas”, explica.

O estudo  revelou que quanto maior o nível de escolaridade, maior a aceitação da diversidade sexual, já que apenas 19,4% são  contra relações homossexuais,entre os entrevistados com nível superior. Na parcela de entrevistados que cursaram apenas o ensino fundamental, o número de contrários chegou a 39%.

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Quando assinou o provimento conjunto que permite a todos os cartórios receber pedidos de habilitação de casamento, publicado no Diário de Justiça Eletrônico do Tribunal de Justiça (TJ-BA) no último dia 10 de outubro, a corregedora-geral Ivete Caldas declarou que se baseava nos princípios de igualdade. 

Confrontada com os resultados da pesquisa, a desembargadora entende que o nível de educação permite que as pessoas compreendam melhor a natureza do outro. “Não se pode exigir de pessoas que não têm educação formal razoável e educação doméstica que vençam preconceitos herdados dos próprios familiares”, pondera. 

Ivete defende, no entanto, que a conquista do casamento em cartório já tem ajudado a diminuir o preconceito. “A decisão da Justiça vai ajudar a ampliar os horizontes do pensamento e a forma de entendimento das pessoas.” 

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Preconceito
Juntos há três anos, o professor Vilson Caetano, 40, e o artista plástico Rodrigo Siqueira, 31, pretendem dar entrada no pedido de habilitação de casamento no cartório civil, que será possível a partir do dia 26 de novembro. Para o professor, os que se dizem indiferentes escondem preconceito. “Indiferença é uma forma de ser contra, mas sem querer se comprometer.” 

Compreender a diversidade sexual é mais fácil para os mais jovens. Entre os entrevistados de 16 a 19 anos, 40,6% são favoráveis a relações gays, enquanto na faixa de 40 a 49 anos, o número cai para 17,1%. Rodrigo Siqueira, companheiro de Vilson, aponta que a baixa aceitação, entre os mais velhos, está ligada a fatores como religião. “Acredito que a nova geração fala abertamente sobre sexualidade. Eles têm a cabeça mais aberta, e acreditam mesmo que cada um tem que viver da maneira que os faça felizes.” 

Salvador é 3ª capital do país em casais gays
Atualmente, Salvador é a terceira capital com maior número de casais gays, segundo dados do Censo 2010, divulgados pelo IBGE no dia 17 de outubro. Na cidade, são 1.595 uniões. Para o estudante V.M., 23, que namora há dois anos e seis meses com outro garoto, mesmo que os soteropolitanos estejam acostumados a ver pessoas do mesmo sexo se relacionando, ainda é comum que o vejam como “anormal”.

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“Só o fato de andar abraçado, ou de mãos dadas, já percebo as pessoas olhando torto. Só que eu encaro essa reação deles com certa normalidade. Já é tão comum que, enquanto não atingir a minha integridade, não me incomoda”. A ‘resistência’, para a terapeuta de família Ozana Barreto, é causada porque as pessoas ainda não entendem a relação gay como entendem a relação heterossexual. 

“Podem até dizer que aceitam, mas se incomodam quando veem pessoas do mesmo sexo se beijando. Tudo pode existir, mas sem vir a público. É preferível que o gay fique quietinho, sem se assumir”.

Fonte: Correio da Bahia

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