O grupo de jovens que agrediu pelo menos três rapazes por volta das 6h30 de anteontem, na avenida Paulista, estuda num colégio particular. Menos de 15% dos adolescentes nessa faixa etária frequentam escolas privadas em São Paulo; o resto está na escola pública ou fora da escola.
Além disso, desde o primeiro instante os agressores contaram com a proteção de pelo menos um advogado. É, em tese, um direito de todos, embora, na prática, seja mais um indicador de privilégio social.
Os jovens já estão em casa. Foram liberados ontem - quatro deles, entre 16 e 17 anos, da Fundação Casa; Jonathan Lauton Domingues, 19, o único universitário, de um centro de detenção provisório.
Não sei se deveriam permanecer detidos. Mas seria bom que não ficassem impunes. É possível, porém, que a maior punição seja a repercussão pública do caso, com os constrangimentos, para os jovens e familiares, daí decorrentes.
Não se pode compactuar com o linchamento sumário dos agressores, não há dúvida; mas também não é possível tolerar ou ser conivente com esse tipo de delinquência juvenil. As vítimas, talvez não seja demais lembrar, são os que foram espancados covardemente.
Há fortes indicações de que os garotos agiram movidos por homofobia. Isso apesar dos esforços do advogado -que está ali para reduzir danos dos clientes e não para dizer a verdade- para caracterizar o episódio como mera "confusão".
Quase todos já fizemos porcaria quando jovens. É a fase da explosão hormonal e da vitalidade física, dos exageros e da insensatez, dos impulsos para desafiar o perigo, das transgressões e dos ritos de afirmação diante dos (e com os) colegas.
Mas a juventude também é o período em que fixamos os valores que vão nos servir de norte na vida adulta. O que pretendem ser quando crescer os meninos bem nascidos que se divertiam distribuindo pauladas em inocentes em plena Paulista no feriadão escolar?
Publicado originalmente no jornal Folha de São Paulo na terça-feira, 16 de novembro de 2010
quarta-feira, 17 de novembro de 2010
Assinar:
Postar comentários (Atom)
1 comentários:
Esse jornalista é daqueles que adoram falar mal do governo Lula e afina-se com os valores dessa classe média paulistana de onde saíram os tais delinquentes. Suas aleivosias são sempre motivo de repúdio. Agora, é interessante notar os argumentos dele pra defender seu ponto de vista. O espanto dele é, como da maioria da sociedade brasileira, com a origem social dos criminosos.
A classe não só divide os LGBT, como também nos deixa meio confusos. E a eles também.
Beijos homoafetivos.
Nilton Luz
Postar um comentário