Conversamos com coordenador do programa de combate à homofobia da USP. Leia
A maior universidade da América Latina acaba de criar seu programa de combate ao preconceito e à discriminação, o USP Diversidade. E a coordenação é de Ferdinando Martins (foto), colunista de Teatro da revista JUNIOR, professor da Escola de Comunicações e Artes e vice-diretor do Teatro da USP. Ferdinando, quando trabalhava como jronalista, editou o MixBrasil durante dois anos.
A gente conversou com ele para saber mais sobre qual é a importância de uma iniciativa assim e o quê ele pretende fazer à frente do programa, que vai apostar no conhecimento produzido na universidade para quebrar preconceitos. “O desconhecimento impulsiona o preconceito, por isso o programa prevê ações de formação e de sensibilização.” Confira o papo.
A gente conversou com ele para saber mais sobre qual é a importância de uma iniciativa assim e o quê ele pretende fazer à frente do programa, que vai apostar no conhecimento produzido na universidade para quebrar preconceitos. “O desconhecimento impulsiona o preconceito, por isso o programa prevê ações de formação e de sensibilização.” Confira o papo.
O que é o USP Diversidade?
É um programa ligado à Pró-Reitoria de Cultura e Extensão da USP e que tem por objetivo desenvolver ações que estimulem a solidariedade e a promoção e o respeito aos direitos humanos. De início, o programa focará na diversidade sexual, escolhida por demandar, no momento, ações mais imediatas. Mas, gradualmente serão incluídos outros segmentos e grupos.
O que ele significa na prática?
Significa o desenvolvimento de ações de combate ao preconceito e à discriminação na melhor universidade da América Latina, de acordo com o ranking do Council of Taiwan. A USP é responsável por 28% da pesquisa científica feita no Brasil e pioneira em várias áreas acadêmicas. Já estava na hora de a diversidade ser tratada institucionalmente pela universidade. O USP Diversidade será um estímulo contínuo à promoção e respeito aos direitos humanos, articulando-se com projetos, programas, atividades e grupos já existentes.
Como será a atuação do programa?
Começamos com uma avaliação do contexto local de condições que dificultam ou excluem o exercício dos direitos na universidade e uma consulta à comunidade universitária para a criação de uma política de diversidade no âmbito da USP. Paralelamente, serão criados grupos de trabalho específicos para tratar de temas e questões identificadas por meio de consulta à comunidade universitária e ratificados pela Comissão Acadêmica do programa. Também serão desenvolvidos trabalhos de formação e mobilização de agentes multiplicadores nas diferentes unidades, capacitação e sensibilização dos servidores docentes e servidores não-docentes, incluindo os terceirizados. Fomentaremos uma discussão ampla sobre a formação, visando incorporar a temática da diversidade nas atividades de pesquisa, ensino e extensão e estimular a criação de disciplinas sobre diversidade. Parte fundamental do trabalho será feito em articulação com os grupos organizados dentro da própria universidade.
Como o programa foi criado?
Para ter uma inserção real na vida universitária, o USP Diversidade cumpriu todos os passos necessários para sua formalização e aprovação nas diferentes instâncias da universidade. Em meados de 2010, foi criado um grupo de trabalho específico para definir as diretrizes do programa, presido pelo professor José Ricardo de Carvalho Mesquita Ayres, da Faculdade de Medicina, pró-reitor adjunto de extensão universitária. Desse grupo, participaram nomes expressivos da produção uspiana, como os professores Julio Simões, Vera Paiva e Cláudia Viana, entre outros. A proposta foi submetida ao Conselho de Cultura e Extensão e aprovada em dezembro do ano passado.
Você falou sobre uma Comissão Acadêmica. O que é ela?
A comissão é um órgão consultivo do programa, responsável pela definição e a gestão de suas políticas, atuando institucionalmente para sua consolidação na universidade, fortalecendo suas ações e fomentando sua interface com a sociedade. É composto por professores, alunos, funcionários e representantes da sociedade civil.
Quais são seus planos à frente ao programa?
O primeiro passo é submeter à Comissão Acadêmica propostas concretas para a execução do programa. Já começamos a trabalhar muito antes de sua oficialização, sobretudo a partir de convênio feito com a Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República. Felizmente, temos no Brasil e no Estado de São Paulo metas muito claras em relação ao combate à homofobia, delineadas desde o lançamento do Brasil sem Homofobia pelo governo federal. Em São Paulo, existe também desde 2010 o Plano Estadual de Enfrentamento à Homofobia e Promoção da Cidadania LGBT. É preciso pensar o que a universidade pode contribuir para o cumprimento dessas metas. Além disso, é preciso considerar a realidade específica da USP. Recentemente, o jornal laboratório do curso de Jornalismo publicou uma matéria apavorante sobre como a homofobia, o machismo e outras formas de preconceito ainda se fazem presentes na vida universitária.
Como o programa pode auxiliar no combate à homofobia?
O desconhecimento impulsiona o preconceito, por isso o programa prevê ações de formação e de sensibilização, entre outras. Além disso, é preciso considerar que, dentro da universidade, há “bolhas” mais esclarecidas sobre a diversidade, mas ainda convivemos com muita resistência à diferença. Na USP, há pioneiros no tratamento da questão da diversidade em pesquisas acadêmicas, mas ainda resta mobilizar o conhecimento para que ele se traduza em ações e políticas de combate ao preconceito e à discriminação.
Quais são seus maiores desejos, como titular, para este ano? O que quer fazer?
Bom, é preciso arregaçar as mangas e trabalhar. Já temos um espaço próprio, localizado próximo à moradia estudantil, o que acho ótimo por aproximar o programa dos alunos. A comissão acadêmica já tem datas para se reunir. Um orientando meu fez um levantamento diversos grupos organizados de alunos e pretendo manter uma relação próxima com eles. Funcionários e professores também serão mobilizados. Claro que penso nos casos de violência explícita, como recentemente ocorreu na Farmácia, na Veterinária, há alguns anos na USP Leste. É preciso garantir direitos, promovê-los, discutir as formas arcaicas de cerceamos das liberdades individuais. Mas me incomoda demais também a homofobia cotidiana, aquelas piadinhas que constrangem a livre-expressão, as frases que ameaçam ou inibem a LGBT de se manifestarem como fazem os héteros.
É um programa ligado à Pró-Reitoria de Cultura e Extensão da USP e que tem por objetivo desenvolver ações que estimulem a solidariedade e a promoção e o respeito aos direitos humanos. De início, o programa focará na diversidade sexual, escolhida por demandar, no momento, ações mais imediatas. Mas, gradualmente serão incluídos outros segmentos e grupos.
O que ele significa na prática?
Significa o desenvolvimento de ações de combate ao preconceito e à discriminação na melhor universidade da América Latina, de acordo com o ranking do Council of Taiwan. A USP é responsável por 28% da pesquisa científica feita no Brasil e pioneira em várias áreas acadêmicas. Já estava na hora de a diversidade ser tratada institucionalmente pela universidade. O USP Diversidade será um estímulo contínuo à promoção e respeito aos direitos humanos, articulando-se com projetos, programas, atividades e grupos já existentes.
Como será a atuação do programa?
Começamos com uma avaliação do contexto local de condições que dificultam ou excluem o exercício dos direitos na universidade e uma consulta à comunidade universitária para a criação de uma política de diversidade no âmbito da USP. Paralelamente, serão criados grupos de trabalho específicos para tratar de temas e questões identificadas por meio de consulta à comunidade universitária e ratificados pela Comissão Acadêmica do programa. Também serão desenvolvidos trabalhos de formação e mobilização de agentes multiplicadores nas diferentes unidades, capacitação e sensibilização dos servidores docentes e servidores não-docentes, incluindo os terceirizados. Fomentaremos uma discussão ampla sobre a formação, visando incorporar a temática da diversidade nas atividades de pesquisa, ensino e extensão e estimular a criação de disciplinas sobre diversidade. Parte fundamental do trabalho será feito em articulação com os grupos organizados dentro da própria universidade.
Como o programa foi criado?
Para ter uma inserção real na vida universitária, o USP Diversidade cumpriu todos os passos necessários para sua formalização e aprovação nas diferentes instâncias da universidade. Em meados de 2010, foi criado um grupo de trabalho específico para definir as diretrizes do programa, presido pelo professor José Ricardo de Carvalho Mesquita Ayres, da Faculdade de Medicina, pró-reitor adjunto de extensão universitária. Desse grupo, participaram nomes expressivos da produção uspiana, como os professores Julio Simões, Vera Paiva e Cláudia Viana, entre outros. A proposta foi submetida ao Conselho de Cultura e Extensão e aprovada em dezembro do ano passado.
Você falou sobre uma Comissão Acadêmica. O que é ela?
A comissão é um órgão consultivo do programa, responsável pela definição e a gestão de suas políticas, atuando institucionalmente para sua consolidação na universidade, fortalecendo suas ações e fomentando sua interface com a sociedade. É composto por professores, alunos, funcionários e representantes da sociedade civil.
Quais são seus planos à frente ao programa?
O primeiro passo é submeter à Comissão Acadêmica propostas concretas para a execução do programa. Já começamos a trabalhar muito antes de sua oficialização, sobretudo a partir de convênio feito com a Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República. Felizmente, temos no Brasil e no Estado de São Paulo metas muito claras em relação ao combate à homofobia, delineadas desde o lançamento do Brasil sem Homofobia pelo governo federal. Em São Paulo, existe também desde 2010 o Plano Estadual de Enfrentamento à Homofobia e Promoção da Cidadania LGBT. É preciso pensar o que a universidade pode contribuir para o cumprimento dessas metas. Além disso, é preciso considerar a realidade específica da USP. Recentemente, o jornal laboratório do curso de Jornalismo publicou uma matéria apavorante sobre como a homofobia, o machismo e outras formas de preconceito ainda se fazem presentes na vida universitária.
Como o programa pode auxiliar no combate à homofobia?
O desconhecimento impulsiona o preconceito, por isso o programa prevê ações de formação e de sensibilização, entre outras. Além disso, é preciso considerar que, dentro da universidade, há “bolhas” mais esclarecidas sobre a diversidade, mas ainda convivemos com muita resistência à diferença. Na USP, há pioneiros no tratamento da questão da diversidade em pesquisas acadêmicas, mas ainda resta mobilizar o conhecimento para que ele se traduza em ações e políticas de combate ao preconceito e à discriminação.
Quais são seus maiores desejos, como titular, para este ano? O que quer fazer?
Bom, é preciso arregaçar as mangas e trabalhar. Já temos um espaço próprio, localizado próximo à moradia estudantil, o que acho ótimo por aproximar o programa dos alunos. A comissão acadêmica já tem datas para se reunir. Um orientando meu fez um levantamento diversos grupos organizados de alunos e pretendo manter uma relação próxima com eles. Funcionários e professores também serão mobilizados. Claro que penso nos casos de violência explícita, como recentemente ocorreu na Farmácia, na Veterinária, há alguns anos na USP Leste. É preciso garantir direitos, promovê-los, discutir as formas arcaicas de cerceamos das liberdades individuais. Mas me incomoda demais também a homofobia cotidiana, aquelas piadinhas que constrangem a livre-expressão, as frases que ameaçam ou inibem a LGBT de se manifestarem como fazem os héteros.
Fonte: Mix Brasil
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