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terça-feira, 19 de julho de 2011

Médicos indianos operam troca de sexo em bebês meninas

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Na Índia, é comum os pais preferirem o nascimento de um bebê menino, já que o homem tem mais liberdade e oportunidades naquela sociedade. Boa parte das mães chega a abortar se descobrem que a criança será menina. Mas um novo procedimento torna a questão ainda mais complexa: alguns pais estão tentando a cirurgia de mudança de sexo depois do nascimento.
 
A denúncia partiu de um jornal indiano, Hindustan Times. Segundo apuraram os jornalistas, centenas de médicos estão alterando cirurgicamente o sexo de filhas de casais que preferem um rapaz. O termo técnico para esse procedimento é genitoplastia.
 
Os números assustam: algo entre 200 e 300 meninas indianas, de até cinco anos de idade, teriam sido submetidas à genitoplastia na cidade de Indore, com cerca de um milhão e meio de habitantes. O preço da operação é em conta: 3.200 dólares (o equivalente atual a cerca de 5 mil reais). Esse valor dá direito, além da cirurgia, a um tratamento hormonal posterior que completa a função de transformar a menina em um garoto. Graças ao baixo custo, pais de outras regiões da Índia estariam procurando as clínicas de Indore.
 
A genitoplastia é um procedimento tolerado no mundo, mas apenas em casos de hermafroditismo. Quando a criança nasce com ambas as genitálias, ou sua definição biológica não corresponde à genitália com que nasceu, os pais escolhem um dos sexos logo após o nascimento. E este é o argumento dos doutores da clínica Indore (sete médicos, no total), que afirmam jamais ter operado uma menina com características sexuais bem definidas. Mas o jornal garante que meninas saudáveis passaram pelo procedimento. Com esse impasse, o governo do Estado de Madhya Pradesh (onde fica Indore) abriu uma investigação.
 
Os médicos que o jornal chamou para condenarem a atitude são enfáticos: a genitoplastia quase nunca é necessária, pois o hermafroditismo é um fenômeno muito raro. Por isso, seria difícil concordar que há 300 casos como esse em uma cidade de 1,5 milhões de pessoas. O risco dessa operação, segundo os médicos, é tornar a criança estéril ou causar outras disfunções sexuais.
 
Existem na Índia comissões que lutam contra o aborto de bebês femininos, e que agora se pronunciam sobre essa novidade. Segundo eles, há culpa tanto nos pais, que tomam a decisão, quanto nos médicos, que fazem a operação clandestina para aumentar seus lucros, e ainda na sociedade, que coloca automaticamente a mulher em posição de menos oportunidades na Índia.
 
Fonte: HypeScience

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