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terça-feira, 26 de julho de 2011

O assassino e a homofobia

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Quando «o matador de Oslo » estava pronto a se fazer passar por gay para levar a termo seus projetos

Depois de sábado, seu rosto banal – quase boneco – e seus cabelos loiros passam afivelados em nossas telas. Anders Behring Breivik, um Norueguês de 32 anos, finalmente admitiu ontem ser o autor do massacre de Utoya e do atentado de Oslo que custaram a vida de 76 pessoas (segundo um último balanço ainda provisório). Mas antes de passar ao ato, aquele que a imprensa já apelidou «o matador de Oslo » havia redigido um manifesto de mais de 1500 páginas no qual ele livra sua ideologia. Mas também os métodos de dissimulação para evitar se fazer descobrir. Entre as quais a homossexualidade.
 
«DIGA QUE TU PENSAS SER GAY»
Em seu combate contra o que ele chama de «marxismo cultural», Breivik consagra de fato aos homos numerosas passagens de seu «manifesto». O site alemão Queer.de revela que o terrorista de 32 anos traz um olhar ambivalente sobre os homossexuais. Assim, se ele se defende de ser homofóbico, lembrando que os gays e lésbicas fazem parte dos alvos da «hegemonia» islâmica que ele pretende combater, ele explica mais além que é preciso não hesitar em se fazer passar por um gay para suscitar a empatia das pessoas.
«Diga que tu pensas ser gay, escreve, e que tu descobres teu novo eu e que tu não queres mais falar dessa questão. Diga-lhes que tu tens vergonha e tu não queres mais falar desse assunto. Faça-os jurar de não o dizer a ninguém! (teu ego pode sofrer, ao menos que tu estejas certo de tua heterossexualidade, por que eles acreditarão verdadeiramente que tu és gay, mas é uma estratégia extremamente eficaz para parar as questões e impedir as pessoas de vasculhar a tua vida quando tu não o queres.»
O PERFEITO ÁLIBI
Sobre o modelo de discursos cristão-conservador americanos, Anders Behring Breivik se declara igualmente a favor do matrimônio tradicional, prega uma educação conservadora e uma limitação dos divórcios. Na mesma veia, ele denuncia em vários parágrafos as reivindicações LGBT e feministas, culpáveis a seus olhos de por em perigo a civilização cristã e de «discriminar os heterossexuais» (!). «E além, avança ele, é somente por que a compreensão tradicional do matrimônio já foi gravemente comprometida que os homossexuais podem agora pretendê-lo. Os gays não querem o matrimônio nos moldes tradicionais (a versão dos anos 1950), só a versão edulcorada que existe hoje os interessa.»
Criticando os movimentos LGBT, ele pensa que há muito a aprender com seus métodos. Segundo ele, se os homos conseguiram impor sua mensagem política após uns vinte anos, é por que se colocaram como «vítimas». Uma «estratégia bem eficaz» que, segundo elo, faz da homossexualidade o perfeito álibi para não despertar desconfianças. Em seu manifesto, ele aconselha, por exemplo, comprar um carro da marca Hyundai, «por que é muito gay». Ele confessa também se maquiar antes de se fotografar, pois «isso pode parecer gay, explica ele, mas mais somos atraentes, melhor a mensagem passa.»
Anders Behring Breivik colocou em prática seus métodos de dissimulação na ilha de Utoya sábado último. Disfarçado de policial, ele se juntou a um agrupamento de jovens partidários do Partido trabalhista no poder. Depois, sob pretexto de protegê-los após o atentado de Oslo, ele abriu fogo sobre os participantes, matando ao menos 68 pessoas segundo a polícia, antes de ser parado pelas forças de ordem uma hora mais tarde.
Fotomontagem Paul Denton

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