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terça-feira, 5 de julho de 2011

SP: Neonazista condenado por bomba na Parada Gay fere 4 no Metrô Paraíso

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No início da madrugada de ontem, grupo de skinheads foi detido na região da Paulista; ''Negros, nordestinos, vamos matar vocês'', diziam

Dez meses depois de ser condenado pela Justiça por liderar uma gangue de neonazistas acusada de praticar um atentado a bomba durante a Parada Gay de 2009 em São Paulo, Guilherme Witiuk Ferreira de Carvalho, o Chuck, de 21 anos, voltou a ser preso por um crime de intolerância. Ele e mais quatro rapazes são acusados de agredir fisicamente quatro pessoas, ontem de madrugada, novamente na região da Avenida Paulista. 

Durante depoimento no 5.º Distrito Policial (Aclimação), as vítimas contaram que, enquanto recebiam socos e pontapés, seus agressores gritavam a seguinte frase: "Negros, nordestinos, filhos da p., somos skinheads e vamos matar vocês, seus zumbis". De acordo com a Polícia Civil, com os acusados foram apreendidos três machados, quatro punhais, um facão, uma caneta de ferro com duas pontas e um cinto com soco inglês como fivela.

Um dos agressores vestia uma camiseta preta com uma cruz celta cercada pela inscrição "white pride world wide"(orgulho branco ao redor do mundo, em uma tradução livre para o português), que foi adotada como slogan por grupos skinheads neonazistas de todo o mundo. Outro acusado trajava uma jaqueta verde que trazia bordada nas costas a palavra skinheads e a sigla I.H. - iniciais de Impacto Hooligan, gangue neonazista liderada por Ferreira de Carvalho.

O operador S.A.O., de 34 anos, a estudante A.C.S., de 21, o orientador socioeducativo C.E.L.C., de 31, e o estudante J.C.M.A., de 20, foram atacados pelo grupo na altura do número 1.420 da Rua Vergueiro, ao lado da Estação Paraíso do Metrô, à 1h20 de ontem. Uma das vítimas, o operador, conseguiu fugir dos agressores e pediu socorro para policiais civis da 1.ª Delegacia Seccional (Centro), que passavam de viatura pelo local. Os cinco acusados foram presos e levados para o 5.º DP. Segundo a polícia, outros quatro suspeitos correram ao notar a aproximação da viatura.

Além de Ferreira de Carvalho, foram presos o bombeiro civil Welker de Oliveira Guerreiro, de 19 anos; o estudante Júlio Ramon de Lima, de 21; Pedro de Toledo de Souza, de 19; e Kauê Baldon Barreto, de 18. De acordo com a polícia, os acusados foram indiciados por tentativa de homicídio, injúria racial e formação de quadrilha. O grupo foi transferido para o 2.º DP (Bom Retiro), de onde seguiria para algum Centro de Detenção Provisória.

Com exceção da estudante de 20 anos, todas as outras vítimas têm pele parda. O orientador socioeducativo C. e o estudante J. decidiram entrar com representação por injúria racial contra os agressores. Em seu depoimento na delegacia, S. disse que um dos skinheads o ameaçou de morte, apontando um facão. 

Liberdade. Apesar da condenação a 2 anos de reclusão por formação de quadrilha, Luiz Raphael Nardy Lencioni Valdez, da 29.ª Vara Criminal, permitiu que o acusado continuasse a responder em liberdade. Segundo o juiz, apesar de Ferreira de Carvalho liderar a Impacto Hooligan, não havia provas de que a gangue foi responsável pelo atentado. 

O skinhead tem o número 98 tatuado no corpo, em referência às inicias da gangue: I e H são, respectivamente, a nona e oitava letras do alfabeto. A reportagem não conseguiu localizar o advogado dos acusados nem as vítimas das agressões. Por telefone, a mãe do estudante J. informou que ele não mora mais com ela.

PARA LEMBRAR
Polícia investiga 25 gangues por intolerância
A gangue Impacto Hooligan é um dos 25 grupos investigados pela Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi) por cometer crimes contra minorias em São Paulo. Segundo a polícia, a maioria é formada por neonazistas.

O Decradi já havia detido Ferreira de Carvalho e mais seis suspeitos de integrar a Impacto Hooligan em dezembro de 2009, seis meses depois de um atentado a bomba ferir pelo menos 13 pessoas que participaram da 13.ª edição da Parada Gay. As vítimas estavam reunidas na Avenida Doutor Vieira de Carvalho, na República, no centro, depois de participar da parada na Avenida Paulista.

DUAS PERGUNTAS PARA...
Ariel de Castro Alves, do Movimento Nacional de Direitos Humanos

1. Trata-se de mais um crime de intolerância em São Paulo. O número de casos está aumentando?
A polícia fez um mapeamento de grupos de intolerância na cidade e houve um reforço policial nas imediações da Paulista. Como consequência, esses grupos acabam migrando. Além disso, as minorias têm alcançado muitas conquistas, como o casamento gay, e isso faz os grupos de intolerância se sentirem acuados e, por isso, se tornarem mais violentos.

2. Casos de racismo têm agravantes judiciais, em comparação com casos envolvendo gays?
Sim. Porque o crime de racismo já é previsto em lei, enquanto o de homofobia, não

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