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terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Abertura da 2ª Conferência Nacional LGBT é marcada por insatisfação

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Na noite da última quinta-feira, dia 15, em Brasília, a ministra da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, Maria do Rosário, abriu os trabalhos da 2ª Conferência Nacional de Políticas Públicas e Direitos Humanos de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais – LGBT, ao qual compareceram mais de mil participantes de todas as partes do país. Apesar de assumir o compromisso do governo com a população LGBT, a ausência da presidente e dos ministros da Saúde da Educação geraram um sentimento de descaso. No primeiro evento, em 2008, Lula abriu o evento pessoalmente e havia a participação de quase todos os ministros. Dessa vez, apenas a presença dos ministros Gilberto Carvalho, da Secretaria-Geral da Presidência da República, e Luiza Bairros, da Promoção da Igualdade Racial. O evento transcorreu até Domingo.

Fizeram parte ainda a mesa de abertura o deputado federal Jean Wyllys, Toni Reis, presidente da Associação Brasileira de Gays, Lésbicas, Bissexuais e Transgêneros, a advogada Maria Berenice Dias, e o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Carlos Ayres Brito, que recebeu o prêmio de Direitos Humanos 2011 na categoria Garantia dos Direitos da População de LGBT. “Eu estudei a Constituição por todos os ângulos e aspectos para ver se era juridicamente correto o reconhecimento a todos os direitos sem nenhuma exceção. Quanto mais eu desfilava pela passarela da Constituição, eu só encontrava confirmação de que é violência e fundamentalismo de alguns afirmar de que a pessoa é mais ou menos digna em razão de sua orientação sexual”, disse o ministro Ayres Brito em seu discurso. “Se uma pessoa heterossexual só pode ser feliz de forma heterossexual, o homossexual só pode ser feliz e realizado homossexualmente”, completou o ministro arrancando palmas da platéia. A travesti gaúcha Valéria Houston cantou o hino nacional e foi um dos pontos altos da noite. Um poema da travesti Keyla Simpson deu o tom de importância do evento ao falar da realidade de travestis e transexuais.

Com protestos contra o fundamentalismo religioso, contra o veto da presidente Dilma ao Kit anti-homofobia, vaias ao presidente da ABGLT, Toni Reis, que depois de sua fala foi aplaudido, e muitas reclamações, sobretudo sobre a morosidade para se colocar o programa Brasil sem Homofobia em prática, a insatisfação era o ponto em comum entre diversas lideranças. Um dos pontos polêmico dos últimos dias, o substitutivo do PLC 122, apresentado pela senadora Marta Suplicy, foi rejeitado por ampla maioria na plenária do evento, virando uma das resoluções da Conferência de que a lei proposta iguale a homofobia ao racismo, ou seja, que o PLC volte ao seu projeto original.

O evento por fim foi mais um marco para a história do movimento. Apesar de todas as discordâncias e forças diferentes, todos querem o mesmo: o fim da homofobia. Mas cada um deve cumprir o seu papel, e o da população é pressionar, independente de que o governo seja aliado ou não, não se pode enrolar o movimento para sempre e o recado foi dado, de dentro e de fora do evento.


Fonte: Revista Lado A

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