Diadorim elege coordenação colegiada. Veja informe de Suely Messeder

Gente querida,

Estou bastante contente ao anunciar que a nova gestão do Diadorim a partir de agora será colegiada. A minha iniciativa de não querer continuar como coordenadora, faz parte da minha crença na autogestão.  A proposição de uma coordenação colegiada assegura-se na medida em que todos/as possamos efetivamente desnudar-se e desconstruir-se de uma educação autoritária que nos impõe constantemente, de um lado, mecanismo de submissão, conformidade e pirraça. De outro lado, uma vontade de mando, a assunção de um poder sem saber compartilhar o poder.  

Primeiramente, quero dizer o quê significa autogestão, ou melhor, sublinhar que ela ocorre quando a coletividade se auto administra. Certamente, não se trata de participar de um poder, mas sim de ter um poder.  Motta (2003) cita que na história existem experiências auto-gestionárias, tais como: a Comuna de Paris, o movimento machnovista na Ucrânia em 1917,  experiências na  Espanha entre 1936 e 1939 e movimentos pela autogestão da Solidariedade na Polônia. Em nosso lado do Atlântico, penso na experiência zapatista que nos permite pensar numa lógica: obedecer e mandar ao mesmo tempo.

Em dois anos (2008- 2011), como coordenadora do Diadorim aprendi que a gestão é uma prática contínua de ação cotidiana, na qual a experiência torna-se a meta ao mesmo tempo em que não é tradição, mas prática continuada. Estas práticas definem-se no interno e no externo. De um lado, no interno, existe a relação institucional unebiana e a relação face-a-face com os/as membros do grupo, talvez a relação mais frágil. Do outro lado, no externo, as relações interinstitucionais possivelmente fortalecidas, o termômetro provável foi a participação de todas/os no Seminário Enlaçando Sexualidades.

Falo do Seminário Enlaçando Sexualidades com maior intimidade nesta gestão, porque foi através dele que conseguimos reunir a pesquisa, a extensão e o ensino, e, sobretudo, penso que foi possível garantir um modelo de autogestão com os/as participantes. Até o momento, como ação continuada do Seminário, estamos treinando um grupo de educadores/as na perspectiva das Sexualidades e Direitos Humanos. Com a construção deste grupo pretende-se, consolidar a Comissão dos Educadores/as para o próximo Enlaçando, dentre outras comissões, tais como: Comissão de Movimentos Sociais, Comissão de Estudantes e Comissão de Monitores. 

Entendo a autogestão como um processo, um ensaio, como um projeto coletivo e singular. É a partir dela que aprendo a ser livre, a saber respeitar e me fazer respeitar, aprendo a pensar com autonomia, a ser sincera,  a lutar pela promoção da Justiça Erótica, e, com isto,   criar  uma consciência crítica e autocrítica.

A meu ver, o processo de autogestão sugere uma pureza, que não pode e nem deve ser confundida com ingenuidade, ela se constrói no movimento e para o movimento, possivelmente, os obstáculos são vários, mas não se constrói nada a não ser enfrentando e superando obstáculos.

Abraços a todos/as que compartilham/ram comigo o desafio desta utopia.

Vida longa ao Diadorim!

Suely Messeder (foto acima)
Prof. Dra. em Antropologia
Primeira Secretária da ABEH (Associação Brasileira de Estudos da Homocultura)
Membro do colegiado  do Núcleo de Estudos de Gênero e Sexualidade - DIADORIM / Universidade do Estado da Bahia - UNEB