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sábado, 24 de julho de 2010

[ARTIGO] Atire sua pedra no casamento gay - Márvio dos Anjos (*)

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A aprovação do casamento gay na Argentina gerou uma onda de e-mails aqui no Destak. A discussão religiosa e civil é apaixonante, mas o primitivismo dos intolerantes ditos cristãos realmente impressiona a muitos.

Uma análise sem paixões da Bíblia não nega: o livro não concorda com atos homossexuais, como também condena o adultério, o sexo fora do casamento e até sexo durante a menstruação. Conforme me recorda o diretor editorial do Destak, Fábio Santos, todos os comportamentos citados eram tidos como "abomináveis" e punidos com morte por apedrejamento, segundo os livros Levítico e Deuteronômio.

Cristo representou, no entanto, uma cisão nessa maneira de punir. Orientou seus fiéis com base em seus próprios atos e em princípios relatados nos evangelhos do Novo Testamento.

É no evangelho de João, capítulo 8, versículos 1-11, que Jesus se vê diante do iminente apedrejamento de uma mulher que traíra o marido. É quando ele diz a célebre frase: "Atire a primeira pedra quem não tiver pecado". Com isso, Jesus poupa a adúltera de enfrentar a condenação que havia sido autorizada pelas leis de Deus.

Você, cristão, diria que Cristo foi conivente com o adultério? Ou que se omitiu de puni-la, já que era o único ali sem pecado, apto mais do que todos a apedrejá-la até a morte? Na verdade, Jesus promoveu o perdão. E mostrou que não cabe aos cristãos punir ou execrar publicamente, porque, dentro de sua filosofia, todos são pecadores. Assim, cristão, guarde suas pedras no bolso em relação à homossexualidade. Não faz sentido, nem na sua crença.

Alguns me criticaram porque citei a frase "Meu reino não faz parte deste mundo" para dizer que a igreja erra ao se colocar contra a lei do casamento gay. Bom, não é a única vez em que Jesus diz que sua jurisdição é outra. Indagado sobre pagamento de impostos a Roma, Jesus disse: "Dai a César o que é de César, mas a Deus as coisas de Deus" (Marcos 13.11-17). Sua preocupação não era política, mas espiritual. Não fez revolução nem se impôs à força.

Parece-me, assim, que o cristão tem de se preocupar mais com a sua própria consciência em vez de gastar forças contra o casamento gay ou qualquer outra lei - a não ser que o proíbam de seguir sua fé. No mais, é deixar as pedras e amar o próximo. Como a si mesmo.

*Márvio dos Anjos é jornalista para o Jornal Destak.

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