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terça-feira, 25 de outubro de 2011

A invisibilidade como tática

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Diante da presença marcante das lésbicas e travestis na conferência, é espantosa que a imprensa as ignore

Enquanto os homens exercem
Seus podres poderes
Índios e padres e bichas
Negros e mulheres
E adolescentes
Fazem o carnaval...
(Caetano Veloso, em tempos idos...)

Mesa de abertura: mulheres invisibilizadas pelo machismo
As lésbicas e travestis estão em um momento de ascensão no movimento LGBT. Já não é possível ignorá-las, e até quando o machismo tenta invisibilizá-las, trata-se de uma forma de demonstrar o quanto elas estão incomodando. A imprensa de forma geral, e a mídia LGBT em especial, preferiu ignorar o papel protagonista que as mulheres exerceram na Conferência Estadual LGBT, mas o blog do Fórum Baiano LGBT não seguirá essa tendência.

Um dos fatores que demonstram a qualidade política crescente do movimento LGBT foi o equilíbrio de gênero e de raça das mesas da conferência. Para a conferência magna, o Comitê LGBT convidou a travesti Keila Simpson, figura reconhecida no movimento LGBT brasileiro, militante da Associação de Travestis de Salvador e membro do Conselho Nacional LGBT. Keila deu o tom do debate que permeou os três dias do evento.

Nildes Sena: a pluralidade não pode mais ser negada
Já o Fórum Baiano LGBT indicou uma mulher negra lésbica, Nildes Sena, da Rede Afro LGBT, para representar o movimento LGBT da Bahia. “Estamos em um novo momento, como novos atores assumindo seu papel e reivindicando seu espaço, e é preciso que o movimento reconheça essa pluralidade”, afirmou Nildes.

Keila e Nildes foram criticadas por alguns gays, que defenderam maior destaque às figuras mais antigas do movimento LGBT. Vozes dissonantes, ficaram inaudíveis quando a cerimonialista Valery O’Hara convidou Nildes Sena para falar aos gritos de “Me representa” vindo dos delegados e delegadas. Também bastante significativas foram as referências a ela vindas dos representantes da Secretaria de Direitos Humanos, Igo Martini, do secretário de Justiça, Cidadania e Direitos Humanos Almiro Sena, e da vereadora de Salvador Marta Rodrigues (PT).

Edlene Paim na abertura da Conferência: chapa sob liderança lésbica no movimento social, e travesti no Governo
As mulheres mostraram ainda mais força na montagem das chapas. Sob a liderança da LBL e da LesBiBahia, as lésbicas se uniram e negociaram em conjunto. As travestis fizeram o mesmo. Sob seu comando, apenas uma chapa foi montada em diálogo tranqüilo com os gays, diferente de certas imposições masculinas.

E para conferir um tom ainda mais feminino à II Conferência, a vice-presidenta do Conselho Nacional LGBT Irina Bacci, da ABL, dirigiu a plenária final. Foi Bacci quem garantiu que o processo de eleição da delegação para a Conferência Nacional transcorresse diante de focos de disputa. De novo, eram os homens os que queriam levar a conferência no grito.

Aos homens gays que preferiam o embate com as lésbicas, restou dar espaço na cobertura aos seus aliados gays e tentar, mais uma vez, invisibilizá-las. E as listas do movimento LGBT já estão cheias do posicionamento de alguns. Mas no processo de construção política concreta, as mulheres já têm seu espaço e nem eles podem negar.


Blog do Fórum Baiano LGBT

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