Com o fim da ameaça do comunismo, ao qual se atribuía o objetivo de acabar com a família, entre outras coisas, os líderes da direta brasileira estão recorrendo à homofobia pregada por religiosos como forma de controle da opinião pública.
Essa é a análise do metodista e militante de esquerda Anivaldo Padilha (foto), 71. Formado em ciências sociais, ele foi preso político em 1970 e passou 13 anos exilado na época da ditadura militar.
Atualmente, Padilha é membro do Conselho Latino-Americano de Igrejas (Região Brasil) e coordenador de um grupo de evangélicos e católicos que defende a diversidade sexual.
Padilha argumenta que a direita tem se aproveitado do discurso discriminatório religioso com o mesmo argumento da época do perigo vermelho, o da integridade da família, que, segundo ela acredita, está ameaçada pelo casamento de homossexuais.
Na avaliação de Padilha, a pregação homofóbica dos pastores tem sido rechaçada até pelos fiéis porque a sua maioria convive com homossexuais (colegas de trabalho, amigos e parentes) e os respeita.
Além disso, segundo Padilha, a proporção de homossexuais entre os evangélicos é praticamente a mesma de toda a sociedade, não havendo, portanto, motivo para estranhamento. Por isso, disse, não se trata de uma questão teológica. “O que existe é que esse tema tem sido utilizado politicamente pela direita”, disse ele à Carta Capital.
Para Padilha, os pastores e a direita precisam entender que não podem “impor ao Estado conceitos de pecado que não dizem respeito aos que professam outras religiões ou nenhuma”.
Pastor torturava à noite presos da ditadura e de dia lhes falava da Bíblia.
Junho de 2011
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